Dor orofacial crónica e traços de personalidade no bruxismo
Abstract
Este estudo tem como objectivo geral verificar se existe correlação significativa
entre intensidade de dor orofacial crónica e traços de personalidade em indivíduos
bruxómanos. Tem também como objectivos específicos verificar a prevalência/existência
de casos de bruxismo não fisiológico, o nível médio de qualidade de vida, o domínio de
personalidade predominante e as estratégias de coping mais utilizadas na amostra estudada,
bem como verificar se a personalidade pode explicar o bruxismo.
É um estudo descritivo, quantitativo, correlacional e transversal, teoricamente
fundamentado na análise conceptual de bruxismo, dor orofacial crónica, personalidade,
coping e qualidade de vida, assim como em estudos existentes abrangendo estes domínios.
Os dados foram recolhidos na Academia Portuguesa de Medicina Dentária
Interdisciplinar Avançada.
Como instrumentos de avaliação e colheita de dados, foram utilizados um
questionário de caracterização da amostra elaborado para o efeito, a Escala Visual
Analógica (E.V.A.), modelos de gesso, BruxCheckers e as versões portuguesas do
Inventário dos Cinco Factores NEO (NEO-FFI), do Short Form-36 Health Survey, versão
dois (SF-36, V.2) e do Cuestionário de Afrontamiento Del Dolor (CAD-R).
Os dados recolhidos identificaram uma amostra predominantemente feminina, cuja
a maioria dos indivíduos constituintes vivem acompanhados e apresentam um elevado nível
de escolaridade no geral.
Nesta amostra, não existem correlações significativas entre a intensidade de dor
orofacial crónica e os traços de personalidade em indivíduos bruxómanos. Constatou-se que
a maioria dos indivíduos constituintes da amostra apresentavam bruxismo não fisiológico,
que associado a bruxismo severo, poderá ter sido uma causa major de dor orofacial crónica,
somática e de grande intensidade. Verificou-se que a amostra tinha como domínio
predominante de personalidade a Conscienciosidade e que a estratégia de coping mais
utilizada era a Auto-afirmação, utilizando-se mais estratégias de coping activas. O nível
médio de qualidade de vida é fraco. Da amostra obtiveram-se dois grupos de personalidade,
apresentando o Grupo Alto em personalidade médias mais elevadas na Função Física e no
Desempenho Físico em relação ao Grupo Baixo em Personalidade.