Avaliação do impacto do neurodesenvolvimento cognitivo em pacientes em cardiopatias congénitas
Abstract
Este estudo tem como objetivo avaliar o desempenho cognitivo de adolescentes e
adultos com cardiopatias congénitas (CC). São investigadas a influência de variáveis sóciodemograficas, clínicas, de qualidade de vida, ajustamento psicossocial e traços de personalidade
sobre o desempenho cognitivo dos participantes.
Método – Foi avaliado um grupo de 266 pacientes com CC, 148 do sexo masculino com idades
compreendidas entre os 12 e 30 anos (× ̅ = 18.00 ± 3.22). O grupo de CC ficou dividido em três
conjuntos correspondentes aos tipos de cardiopatias mais comuns na amostra, sendo as
patologias cianóticas TF (n = 29) e TGV (n = 28), e acianótica CIV (n = 33). O grupo de
controlo abrangeu 119 indivíduos saudáveis, 56 do sexo masculino com idades compreendidas
entre os 12 e 26 anos (× ̅ = 18.41 ± 3.20). Foram recolhidas informações socio-demográficas,
clínicas, de qualidade de vida (WHOQOL-BREV), de auto-relato (YSR; ASR) e relato dos
cuidadores (CBCL; ABCL) sobre o ajustamento psicossocial e sobre os traços de personalidade
(NEO-FFI). Foi também recolhida informação sobre os domínios cognitivos avaliados pelo
Trail Making Test versões A e B, Memória Lógica, Memória de Dígitos (sentidos direto e
inverso) e Pesquisa de Símbolos de Wechsler, procura da chave da BADS, Figura Complexa de
Rey e Teste de Cores e Palavras.
Resultados – Foram encontrados dois preditores do desempenho cognitivo em pacientes
com cardiopatias congénitas, estes são o peso (β = 3,369; t = 3,136; p = ,002) e a
variável externalização do auto-relato (β = -0,230; t = -2,020; p = ,046).
Conclusões – Os participantes com CC, quando comparados com o grupo de controlo,
demonstraram resultados significativamente inferiores em todos domínios do desempenho
cognitivo. Através de uma regressão linear conclui-se que ter um menor peso registado à
nascença, e relatar uma baixa externalização são considerados fatores preditores de um pior
desempenho cognitivo.