Relação entre as pressões plantares, a sensibilidade protetora e o risco de ulceração em diabéticos do tipo 2
Abstract
Introdução: É do conhecimento geral que a Diabetes Mellitus tipo 2 está
relacionada com várias alterações neuro-muscular-esqueléticas que podem
levar a incapacidade física e alterações da marcha.
Objetivo: Como objetivo principal deste estudo, investigar a relação entre a
alteração sensitiva e o risco do aparecimento de ulcerações em indivíduos
portadores de diabéticos tipo 2.
Material e método: A recolha de dados realizou-se numa clínica particular em
Vouzela, tendo participado, do presente estudo, 60 pessoas, em que 33 eram
diabéticos, dos quais 9 inquiridos apresentavam neuropatia diabética. Todos os
participantes foram submetidos ao Lunge test, a uma avaliação da
sensibilidade protetora, vibratória, do caminhar, em estática e ao calçado,
através da utilização do monofilamento de Semmes-Weinstein de 10g, do
diapasão de 128 Hz, do sistema WalkinSense ®, medidor de pés, inclinómetro e
régua.
Resultados: Na comparação do grupo dos diabéticos sem neuropatia com o
grupo dos não diabéticos, os diabéticos apresentaram uma limitação na
mobilidade de flexão dorsal de ambos os pés e valores inferiores na distância
percorrida, na velocidade da passada e na amplitude total média. O tempo de
ativação dos sensores, demonstrou ser superior nos diabéticos (sensor 3, 4, 5,
6 e 7 do pé direito e 4, 5, 6, 7 e 8 pé esquerdo) e as pressões máximas,
revelaram valores superiores nos não diabéticos (sensor 6 pé direito e 1,3,4,6 e
8 pé esquerdo). Na comparação dos diabéticos com neuropatia com o grupo
controlo, os diabéticos sem neuropatia, apresentaram também uma limitação
na mobilidade de flexão dorsal do pé, sendo esta diferença mais acentuada,
demonstrando também valores inferiores a nível do número de passos, na
distância percorrida, velocidade da passada e amplitude total média. O tempo
de apoio demonstrou ser superior nos diabéticos com neuropatia (sensor 1, 3,
4, 5 e 6 do pé direito e 4, 5 e 6 do pé esquerdo) e as pressões máximas foram
superiores no grupo controlo, exceto no sensor 6 em ambos os pés. Na comparação entre os diabéticos com e sem neuropatia, os diabéticos com
neuropatia apresentavam uma maior limitação da amplitude articular na
realização do “lunge test”. No tempo de ativação e pressão máxima dos
sensores, observamos um maior tempo de ativação do sensor 2 do pé direito,
nos diabéticos com neuropatia e uma maior pressão máxima no sensor 6 do pé
esquerdo.
Discussão/ conclusão: Assim, os diabéticos com neuropatia apresentam, um
maior risco de desenvolver ulcerações, devido à limitação da amplitude
articular, ao aumento do tempo de ativação dos sensores e ao aumento das
pressões plantares no médio pé.