Caracterização da espessura da intima-médica carotídea e a sua relação com a doença coronária
Abstract
A aterosclerose é uma doença difusa e multifocal da parede arterial, que pode progredir, regredir ou estabilizar em função de uma série de factores. Este processo dinâmico pode permanecer silencioso durante muito tempo ou pode manifestar-se como um evento vascular agudo, tornando-se desta forma clinicamente aparente (Murray & AD, 1997). O espessamento da íntima média carotídea é actualmente um factor de risco cardiovascular a considerar e um marcador de doença aterosclerótica, principalmente da doença arterial coronária precoce. De acordo com o estudo de Framingham, a hipertensão arterial sistólica isolada está claramente relacionada com a doença coronária, bem como a hipercolesterolemia, a idade e os hábitos tabágicos. Neste contexto e com este estudo, pretendeu-se verificar se a EIM carotídea pode ser considerada um factor de risco independente, isto é, sem influência de outros factores de risco de doença coronária. Quer dizer, procurámos em trabalhos que defendem essa afirmação o cumprimento de metodologia isenta de crítica que fundamente aquele critério. Verificámos então que a maioria dos estudos apresenta factores de enviezamento em comum. Ou seja, os factores de risco que ao longo dos vários estudos foram considerados promotores do aumento da EIM carotídea não foram comparados, cada um deles, com esta EIM isoladamente, e por isso não podemos concluir que esta seja factor individual de risco. Torna-se necessária a elaboração de uma nova investigação, em que um grupo de controle sem nenhum dos factores de risco conhecidos seja comparado com grupos com idade, sexo e raça semelhantes sendo cada um destes grupos constituído por um número comparável de indivíduos, portador dos factores individuais de risco conhecidos e procedendo à respectiva análise de variância.