Prevalência de cardiopatias numa população idosa (Lares de Santa Casa de Misericórdia do Porto)
Abstract
Em Portugal, à semelhança de outros países a população idosa tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Esta transição demográfica deve-se sobretudo á diminuição da taxa de natalidade, ao decréscimo progressivo das taxas de mortalidade e ao aumento da esperança média de vida. Na medida em que mais pessoas vivem até idades mais bem avançadas, aumenta a prevalência de doenças em que idade é fator de risco, como por exemplo, as doenças cardiovasculares, tornando necessário melhor conhecimento científico das mesmas e a sua apresentação clínica nessa faixa etária. Um dos objetivos principais deste trabalho foi de verificar a prevalência de cardiopatias numa população idosa, utilizando o electrocardiograma e o ecocardiograma, verificando a sua sensibilidade e especificidade e analisando os fatores de riscos. Para isto, desenvolveu-se um estudo retrospectivo e observacional envolvendo 145 pacientes com idades compreendidas 65 aos 101 anos inclusive, dos quais 84,1% pertenciam ao sexo feminino e 15,9% do sexo masculino. Nesta amostra os idosos formam um grupo heterogêneo com grandes diferenças em relação á gravidade da doença, estado funcional, função cognitiva, necessidades psicossociais e utilização da assistência médica. A alteração electrocardiográfica mais frequentemente encontrada, neste estudo, foram a nível do ritmo cardíaco 20,1% as alterações da condução 18,7% e as alterações de natureza isquémica 16,6%. No estudo ecocardiografico foram detetadas alterações a nível da válvula aórtica (86,9%), da função sistólica biventricular (83,5%), da válvula mitral (42,1%) e aurícula esquerda (38,6%). Estas alterações foram mais encontradas no sexo feminino e na A utilização destes dois meios de diagnóstico que se complementam um ao outro, têm sensibilidade e especificidades diferentes, havendo situações em que não existe alterações a nível do electrocardiograma e sim a nível do ecocardiograma e vice-versa. Em relação aos fatores de risco o mais predominante foi a hipertensão arterial 63,4%, de seguida 46,2% de sedentarismo, 31,7% de dislipidemias, 20,0% de diabetes mellitus, de 13,1% de obesidade e por último 1,4% de tabagismo. Com isto, é de fundamental interesse, que haja uma intervenção profilática e adequada, distinguindo assim as patologias cardíacas decorrentes do processo natural de envelhecimento e as que são adquiridas ao longo da vida, estas por desadequados procedimentos evitáveis.faixa etária > 85anos.