Prevalência de pé plano em crianças dos 3 aos 16 anos, na região do Vale do Sousa
Abstract
O pé plano é um dos assuntos mais discutidos e controversos da comunidade que se dedica à área da podiatria infantil, sobretudo, com vista a verificar o seu impacto no desenvolvimento harmonioso do aparelho locomotor da criança.
O objetivo principal desta dissertação foi o de estudar a prevalência do pé plano em crianças com idade entre os 3 e os 16 anos; os objectivos secundários: relacionar a prevalência do pé plano com o género, a faixa etária, a prática desportiva-extra escolar, a posição relaxada do calcâneo, o teste de Jack e a manobra de pontas, bem como verificar o efeito do resultado do tratamento com a bota e palmilha ortopédica dos 11 aos 16 anos.
O pé é a região anatómica do corpo humano que sofre mais variações ao longo do seu desenvolvimento, sendo uma das características mais importantes e de maior mutabilidade, o arco longitudinal interno. O seu abatimento, provocado por disfunções ósseas, ligamentares e/ou musculares, irá dar origem ao pé plano, podendo existir diversos factores externos que influenciem essas alterações. Assim, um diagnóstico prévio pode ajudar a prevenir futuras alterações posturais e dinâmicas inerentes a esta deformidade, dependendo do seu grau de severidade (Hernandez, Kimura, Laraya, & Fávaro, 2007; Pérez, 2010).
Na metodologia, a amostra inicial foi constituída por 635 indivíduos de ambos os géneros. Após o preenchimento do Protocolo de Avaliação em Podiatria Infantil, avaliação do Índice de Massa Corporal e exclusão dos participantes que não cumpriram os requisitos, a amostra final ficou em 472 sujeitos submetidos a uma avaliação morfológica e funcional a ambos os pés por meio de impressões e imagens plantares, quantificação da posição relaxada do calcâneo, teste de Jack e manobra de pontas. Na análise estatística utilizou-se o Software SPSS® versão 21.0.
Os resultados indicaram que o tipo de pé mais prevalente foi o normal, sendo a incidência do pé plano maior que a de pé cavo. Relativamente à prevalência do pé plano verificou-se uma relação significativa com o género masculino e os indivíduos entre os 3-5 anos de idade, havendo um decréscimo com o aumento da faixa etária. Já em relação à prática
desportiva-extra escolar, não encontrámos uma associação estatisticamente significativa entre praticantes e não praticantes. Relativamente à posição relaxada do calcâneo verificou-se um forte relacionamento entre a posição valga e o pé plano. No teste de Jack e manobra de pontas constatou-se que os pés eram predominantemente flexíveis. Não se demonstrou haver associação com os pés planos quanto à sintomatologia dolorosa e algia articular. No tratamento verificou-se uma maior tendência para o uso de palmilhas, apesar de não existir uma relevante relação com a prevalência do pé plano.