Avaliação do dano genético em trabalhadores expostos a pesticidas através do estudo de aberrações cromossómicas
Abstract
Os pesticidas incluem uma grande variedade de substâncias activas muito diferentes na sua composição e nas suas propriedades, sendo estes compostos largamente utilizados na agricultura para protecção das culturas. A exposição a estes compostos tem vindo a ser associada a várias doenças, entre elas o cancro.
A monitorização biológica humana permite identificar e, até certo ponto, quantificar o risco de exposição a factores ambientais, sendo por isso, uma ferramenta de grande interesse na avaliação da exposição a carcinogéneos.
As Aberrações Cromossómicas (AC) constituem um indicador precoce de risco de cancro uma vez que foi já estabelecida uma correlação positiva entre a frequência de AC e o aumento da incidência de determinados tipos de cancro.
Este trabalho incidiu sobre uma população exposta a pesticidas, constituída por 80 agricultores a trabalhar em explorações agrícolas do distrito do Porto. Para o grupo controlo foram seleccionados 84 indivíduos não expostos a pesticidas, da mesma área de residência, com idade, sexo, estilos de vida e hábitos tabágicos semelhantes aos do grupo exposto.
Na análise dos resultados foram consideradas variáveis como o género, idade, hábitos tabágicos, para além de outras relacionadas com a exposiçãoocupacional, entre elas, o tempo de exposição, local de trabalho e tarefas desempenhadas, utilização de equipamento protecção individual (EPI), tipo de composto químico utilizado, uso inadequado de pesticidas e a estação do ano em que estes são aplicados.
Da análise dos resultados verificou-se que o grupo exposto apresenta uma frequência de AC significativa mais elevada que o grupo controlo. No grupo exposto o valor médio de AC é de 1.56 ± 0.15 e no grupo controlo é de 0.86 ± 0.11. Em relação ao uso de EPI os resultados demonstram que os indivíduos que não usam EPI apresentaram uma diferença estatisticamente significativa (p<0.05) na frequência de AC tipo cromossoma (0.71 ± 0.19) quando comparado com os indivíduos que fazem uso de EPI. No entanto na análise das restantes variáveis estudadas não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre o grupo exposto e o grupo controlo.