Morbilidade Psiquiátrica em Adolescentes e Jovens Adultos com Cardiopatias Congénitas
Abstract
Avaliar a morbilidade psiquiátrica em adolescentes e jovens adultos com Cardiopatias Congénitas e determinar quais os preditores de psicopatologia.
Procedimento: Participaram no estudo 415 adolescentes e jovens adultos, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 12 e os 30 anos de idade. A amostra foi dividida em dois grupos, o grupo de doentes (335 participantes, dos quais 187 são do sexo masculino e 148 do sexo feminino) e o grupo de controlo (80 participantes, dos quais 35 são do sexo masculino e 45 do sexo feminino).
Foram recolhidos os dados demográficos e clínicos mais relevantes para o estudo e foi aplicado num único momento, um protocolo que incluiu um conjunto de instrumentos. O referido protocolo compreendeu uma entrevista semiestruturada, questionário de avaliação da personalidade (NEO-FFI), entrevista psiquiátrica estandardizada (SADS-L), questionário de avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-BREV) e questionários de avaliação do ajustamento psicossocial na forma de autorrelato (YSR, ASR) e relato dos cuidadores (CBCL, ABCL). Ao nível dos domínios cognitivos, foi aplicado o teste Código (parte B) e Memória de Dígitos (direto e inverso) da WISC-III, Figura Complexa de Rey (cópia e memória), Procura da Chave da BADS-C, Stroop (três lâminas), Trail Making Test (parte A e B) e a subprova, Memória Lógica da WMS-III.
Resultados: Identificamos uma prevalência de psicopatologia de 18,4% nos doentes com Cardiopatia Congénita. A diferença entre géneros é estatisticamente significativa (X2 = 8.112; p = 0.021) sendo que, as mulheres apresentam mais psicopatologia (10,6%).
Verificou-se uma diferença estatisticamente significativa entre doentes com psicopatologia e doentes sem psicopatologia em relação ao traço de personalidade Abertura à Experiência (p= 0,001).
Concluiu-se que existem diferenças estatisticamente significativas entre doentes com psicopatologia e doentes sem psicopatologia em relação ao CBCL externalização (p=0,022) e internalização (p=0,000); ABCL externalização (p=0,020) e internalização (p=0,019); YSR externalização (p=0,001) e internalização (p=0,000) e ASR internalização (p=0,036).
Nos domínios cognitivos, verificou-se que existem diferenças significativas entre doentes com psicopatologia e doentes sem psicopatologia ao nível Executive (p=0,025).
Conclusão: O traço de personalidade Abertura à Experiência (β = -0,016; t = -2,973; p = 0.003) é um preditor de morbilidade psiquiátrica.