Inter-relação entre padrão facial, má-oclusão, DTM, postura cervical e tipo de respiração em jovens de 12 a 15 anos
Abstract
O sistema estomatognático é um conjunto complexo de estruturas que se interligam
para a realização de diversas funções vitais no organismo, tais como: a respiração, mastigação,
deglutição, sucção e fala. Essas estruturas não são especializadas numa única função e,
alterações em qualquer uma delas, levam a um desequilíbrio geral no sistema.
Apesar de os resultados de variados estudos relativos à relação entre a má oclusão e a postura
corporal anómala serem ambíguos, muitos referem que as alterações dentárias e as estruturas
adjacentes podem afetar a postura corporal. Associando a isto, sabe-se que alterações no
padrão respiratório e na ATM, poderão desencadear uma série de alterações que não se
restringem à região craniofacial.
Objetivos: Identificar o padrão respiratório dos indivíduos jovens, relacionar o padrão
respiratório com a postura corporal e a oclusão dentária, relacionar a postura corporal e da
cabeça e pescoço em jovens com e sem DTM; comparar o padrão respiratório com o perfil facial
e a relação cervico-facial inferior e identificar se há prevalência de DTM quanto ao género.
Materiais e Métodos: estudo epidemiológico observacional cuja amostra consistiu num grupo de
139 indivíduos (com idades entre os 12 e os 15 anos). Os dados foram obtidos através da
observação e preenchimento de uma ficha clínica dos participantes e da análise de um registo
fotográfico. O diagnóstico e severidade da DTM, foram verificados pelo questionário proposto
por Fonseca. Para a avaliação postural, recorreu-se ao software SAPO®.
Resultados: Observou-se uma maior frequência de indivíduos respiradores orais,
concomitantemente, verificou-se um predomínio de má oclusão de Classe II, perfil convexo e
relação cervico-facial aumentada nestes indivíduos. Encontrou-se também uma associação
entre a presença de DTM e os indivíduos com Classe II, observando-se que a prevalência de
jovens do género feminino com DTM é significantemente maior que a do género masculino.
Conclusão: Os resultados indicam que nos indivíduos com respiração oral parecem ter risco mais
elevado de desenvolver alterações posturais, disfunção temporomandibular, associando-se a
uma relação oclusal de má oclusão de Classe II, perfil facial convexo e relação cervico-facial
inferior aumentada.