Análise da Base do Crânio em indivíduos com má oclusão sujeitos a tratamento ortodôntico
Abstract
existe uma abundância de literatura contraditória relativa ao estudo
da relação entre as caraterísticas da base do crânio, e a má oclusão. Objetivo: descrever
as caraterísticas da base do crânio nos indivíduos com má oclusão, e verificar a influência
dessas caraterísticas nos resultados dos tratamentos das má-oclusões esqueléticas de
Classe I e II, assim como a estabilidade das mesmas. Materiais e Métodos: foi utilizada
uma amostra não probabilística de conveniência, proveniente de uma Clínica Privada de
Ortodontia, da região Norte, constituída por 45 pacientes, tratados pela mesma
Ortodontista, com má oclusão esquelética de Classe I, e II, tratados com aparelho fixo
bimaxilar, e em período de contenção. A amostra foi estudada ao longo de T1 (pré-
tratamento ortodôntico), T2 (pós tratamento ortodôntico) e T3 (contenção), através de
análises cefalométricas realizadas no software “Nemoceph”, nesses três momentos. Os
dados obtidos foram analisados no software “SPSS”, versão 20.0, e foi usado um nível
de significância de p<0,05 e um poder de observação ≥ 0,7. Foram utilizados
principalmente, os testes de ANOVA medidas repetidas para avaliação da relação entre
as variáveis estudadas. Resultados: A amostra inicial apresentava-se constituída por
indivíduos Classe I (51,1%) e II (48,9%) esquelética. Em relação ao padrão facial,
apresentavam um perfil normodivergente (57,8%), hipodivergente (24,4%) e
hiperdivergente (17,8%). Na amostra estudada, 44,4% tinham idades ≥ 12 anos, 71,1%
era composta por pacientes em fase de crescimento, e quanto ao género a distribuição era
similar, 44,4% do sexo masculino, e 55,6% do sexo feminino. Relativamente à estatística
inferencial, verificaram-se relações estatisticamente significativas entre a BCA, BCP,
ângulo da BC e comprimento do corpo mandibular, com os valores de overjet, de T1 para
T2 e de T1 para T3, mas não em T2 para T3, na má oclusão Classe I esquelética.
Verificou-se também uma relação estatisticamente significativa entre o comprimento do
corpo mandibular inicial (T1), e o overbite em T1,T2 e T3, na má oclusão de Classe I
esquelética. Relativamente aos indivíduos com má oclusão Classe II esquelética,
verificaram-se relações estatisticamente significativas entre a BCA, BCP, ângulo BC, e
comprimento do corpo mandibular, com o overjet e o overbite, de T1 para T2, e T1 para
T3, mas não de T2 para T3. Conclusões: Não se verificou uma relação estatisticamente
significativa entre as caraterísticas da BC (BCA, BCP, ângulo da BC) e as caraterísticas
esqueléticas (SNA, SNB, ANB) ao longo de T1, T2 e T3, nos indivíduos com Classe I e
II esquelética, na amostra estudada. No entanto, observou-se uma relação estatisticamente
significativa entre as caraterísticas da BC (BCA, BCP, ângulo da BC)1 e da mandíbula,
com algumas das caraterísticas dentárias estudadas (overjet e overbite), de T1 para T2, e
T1 para T3, mas não de T2 para T3, nos indivíduos com Classe II esquelética. Os nossos
resultados demonstraram ainda que existe estabilidade nos resultados obtidos na correção
da má-oclusão Classe II.
1 BC – Base do Crânio; BCA- Base Craniana Anterior; BCP-Base Craniana Posterior; Ângulo da BC –
ângulo da base do crânio