Hipocoagulados em Cirurgia Oral
Abstract
Com o aumento da esperança média de vida verificou-se um aumento da prevalência de doenças crónicas, assim como eventos cerebrovasculares ou doenças cardíacas. De modo a prevenir a ocorrência de eventos tromboembolicos estes pacientes encontram-se sob terapia anticoagulante ou antiplaquetária. Em medicina dentária, vários são os procedimentos que provocam sangramento, existindo risco aumentado em pacientes sob terapia anticoagulante ou antiagregante. A necessidade de modificar ou descontinuar o seu uso antes de um procedimento cirúrgico em medicina dentária continua controverso.
Neste trabalho foi realizada uma revisão da literatura de 2011 a 2018, acompanhada por um estudo observacional prospectivo realizado entre Janeiro e Junho de 2018 no Hospital Senhora da Oliveira- Guimarães no qual se procedeu a 18 exodontias em pacientes hipocoagulados de forma a perceber os diferentes protocolos comumente usados na pratica clínica. Dois casos medicados com Acenocumarol sem suspensão e um com bridging com heparina, 3 com varfarina no qual se procedeu também ao bridging, 1 de terapia antiagregante simples e 1 dupla sem suspensão e um com terapia anticoagulante oral directa. Dois episódios hemorrágicos tardios foram observados. Ambos com substituição da varfarina e com INR dentro do intervalo terapêutico, mas facilmente controlados. Os resultados do nosso trabalho sugerem que o risco tromboembolico associado à interrupção do fármaco é superior ao risco hemorrágico com a manutenção da terapia. A maioria dos autores em procedimentos dentários minor recomenda a continuação da terapia anticoagulante durante o procedimento utilizando medidas hemostáticas locais e respeitando os valores de INR. Os valores de aPTT influenciam o sangramento pós-operatório. Uma boa comunicação entre médico dentista e médico especialista é essencial de forma a avaliar a necessidade de suspensão da terapia anticoagulante.