Desenvolvimento Cerebral Fetal nas Cardiopatias Congénitas e Implicações no Funcionamento Neurocognitivo em Adolescentes e Jovens Adultos
Abstract
Avaliar o desempenho neurocognitivo em adolescentes e jovens adultos com cardiopatias congénitas e compreender se variáveis de desenvolvimento fetal, variáveis neonatais estão relacionadas com o desempenho neurocognitivo nos adolescentes e jovens adultos supra mencionados.
Procedimento: O estudo inclui 393 doentes com diversas patologias de cardiopatia congénita, com idades compreendidas entre os 12 e os 30 anos (M=16.15 ± 3.02), 174 de sexo masculino. Sendo que neste estudo nas várias patologias existentes apenas 114 participantes com patologia cianótica e 93 com patologia acianótico serão avaliados, no total de 207 participantes. Inclui ainda um grupo de controlo de 80 adolescentes saudáveis com idades compreendidas entre os 12 e os 19 anos (M=17.00 ± 2.22), 35 do sexo masculino. Os participantes foram avaliados em variáveis socidamegroficos (idade, sexo e anos de escolaridade); nos parâmetros clínicos (tipo de cardiopatia, gravidade, lesões residuais, cuidados intensivos, terapêutica farmacológica, intervenções cirúrgicas e numero de intervenções cirúrgicas); nos parâmetros neonatais (Apgar ao 1º e 5º minuto) e como marcadores de desenvolvimento cerebral fetal (perímetro cefálico, peso e comprimento). Os participantes realizaram uma avaliação neuropsicológicas compreensiva nos domínios de atenção, memória, funcionamento executivo, capacidade visuo-construtiva e velocidade de processamento.
Resultados: Comparado os resultados obtidos nas provas neuropsicológicas o grupo de controlo e grupo de cardiopatias congénitas, é possível verificar que o primeiro grupo apresenta melhores resultados nas provas que o segundo grupo, sendo a diferença estatisticamente significativa. Do mesmo modo verifica-se que existem diferenças significativas na cotação nos vários subtestes neuropsicológicos entre o grupo cianótico e acianótico, com melhor desempenho no segundo grupo.
Os índices de desenvolvimento cerebral fetal no grupo de cardiopatias congénitas correlacionam-se positiva e de forma estatisticamente significativa com as seguintes provas neuropsicológicas: perímetro cefálico com Figura Complexa de Rey Cópia (aptidão visuo-construtiva), StroopP (atenção seletiva), Procura da Chave (função executiva); o peso com Figura Complexa de Rey Cópia (aptidão visuo-construtiva), Código (velocidade de execução) e com Procura da Chave (função executiva); comprimento com Procura da Chave (função executiva). Por outro lado, as variáveis perímetro cefálico correlacionam-se negativamente e de forma significativa com o Trail Making Test parte A (processamento de informação) e o apgar ao 1º minuto com Figura Complexa de Rey Cópia (aptidão visuo-construtiva). No subgrupo de Tretalogia de Fallot correlacionam-se positiva e de forma estatisticamente significativa: o perímetro cefálico com os dígitos diretos (memória de trabalho); o apgar ao 1º minuto com dígitos diretos (memoria de trabalho) e Stroop (atenção seletiva); o apgar ao 5º minuto com dígitos diretos (memoria de trabalho). No subgrupo de Transposição dos Grandes Vasos correlacionam-se positiva e de forma estatisticamente significativa: o peso com o código (velocidade de execução) e com a procura da chave (função executiva). Porém, o apgar ao 1º minuto correlacionam-se negativamente e de forma significativa com os Digitos Indiretos (memória de trabalho). No subgrupo de Comunicação Interventricular correlacionam-se positiva e de forma estatisticamente significativa: o perímetro cefálico com a Figura Complexa de Rey Cópia (aptidão visuo-construtiva). No entanto, o apgar ao 1º minuto correlacionam-se negativamente e de forma significativa com a Figura Complexa de Rey Cópia (aptidão visuo-construtiva) e com Memória Lógica (memória verbal imediata).
Quando comparada a cardiopatia acianótica e cianótica, verifica-se que a cianótica apresentam melhores resultados em todas as provas neuropsicológicas.
Por último verifica-se que o perímetro cefálico apresenta valor estatisticamente significativo como preditor de risco para mau desempenho neurocognitivo.
Conclusão: Os adolescentes e jovens adultos com cardiopatias congénitas apresentam um funcionamento neurocognitivo deficitário, comparativamente ao grupo de controlo, principalmente nos cianóticos em relação aos acianóticos. Verificou-se também que existe uma forte influência das variáveis neonatais no desenvolvimento dos vários domínios neurocognitivos estudados.