Disbiose supragengival e o risco de doenças orais em pacientes colonizados por Staphylococcus aureus
Resumen
O biofilme é um componente essencial no desenvolvimento da cárie, das doenças periodontais e peri-implantares. O conhecimento da sua composição e a compreensão das interações microbianas presentes no biofilme oral são fundamentais para a conceção de medidas preventivas e terapêuticas eficazes.
Objetivo: Investigar se a presença de Staphylococcus aureus favorece uma mudança na composição do biofilme supragengival in vitro.
Materiais e métodos: Neste estudo foi utilizado um modelo padrão de biofilme supragengival com seis espécies (Actinomyces oris, Veillonella dispar, Fusobacterium nucleatum, Streptococcus mutans, Streptococcus oralis e Candida albicans). O biofilme foi suplementado com isolados clínicos de Staphylococcus aureus, Staphylococcus aureus (linhagem USA300 do tipo selvagem) e Staphylococcus aureus contendo mutações em genes que codificam para proteínas adesivas da superfície da matriz.
Resultados: As estirpes de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) aumentaram o número de Streptococcus mutans, Streptococcus oralis, Fusobacterium nucleatum e Veillonella dispar no biofilme supragengival. A estirpe mutante de Staphylococcus aureus, onde deletamos os genes que codificam as proteínas de adesão bacteriana, reduziu o crescimento dessas espécies para um nível normal e homeostático.
Conclusão: A espécie Staphylococcus aureus na cavidade oral, por si só, pode não causar periodontite nem peri-implantite, mas promove a disbiose do biofilme, onde microrganismos potencialmente patogénicos, normalmente em baixa quatidade, se tornam predominantes. A co-presença de componentes no ambiente bucal, tais como proteínas/citocinas na saliva, microrganismos transitórios ou biomateriais, podem contribuir para a patogénese da doença e serem determinantes na etiologia multifatorial das doenças orais. Os resultados da mudança da composição do biofilme supragengival in vitro produzidas por estirpes de Staphylococcus aureus, sugerem que indivíduos portadores deste microrganismo na cavidade oral, podem apresentar uma maior suscetibilidade a doenças orais.