dc.description.abstract | A Lofoscopia e a Genética Forense são duas das Ciências Forenses mais importantes,
contribuindo frequentemente para a resolução de uma enorme variedade de casos. Este
conhecimento específico e direcionado é comumente necessário para analisar impressões
digitais ou outros vestígios biológicos a partir dos quais é frequente a extração de DNA,
visando sempre a identificação de um indivíduo. Reconhecendo o valor inegável dessas
ciências, este trabalho consistiu na avaliação das dificuldades atuais em se conseguir
identificações de indivíduos, analisando vestígios biológicos deixados em matrizes difíceis,
analisando também a compatibilidade e a complementaridade dessas duas áreas de
especialização. Assim, e uma vez que os crimes relacionados com furto e roubos de carros
aumentaram consideravelmente em todo o mundo, doze voluntários, simularam a condução
de um carro por 15 minutos, duas vezes. Após a condução, os volantes revestidos de pele,
do primeiro ato de condução, foram analisados quanto ao DNA (método fenol-clorofórmio,
InnoQuant HY-R® Kit, InnoTyper® 21 Kit) e, os volantes revestidos de pele, do segundo ato
de condução, foram analisados quanto às marcas lofoscópicas (fumigação de cianoacrilato)
e, sequencialmente, foram analisados quanto ao DNA. Previamente, foram construídas
bases de dados lofoscópicas e genéticas para que fosse possível a identificação dos
condutores de automóveis, por peritos de ambas as especialidades.
Apenas através da perícia genética, foi possível identificar dois terços dos condutores,
enquanto que a realização da perícia lofoscópica em primeiro lugar, permitiu apenas
identificar um terço. A mesma proporção foi obtida ao realizar-se a análise do DNA
posteriormente à fumigação do cianoacrilato. Apesar de não inibir os reagentes dos kits, o
cianoacrilato levou à redução da quantidade de DNA extraído, tendo-se obtido perfis
genéticos com menor qualidade (menos marcadores amplificados), dificultando as
possibilidades de obtenção de correspondências entre os perfis genéticos. Apenas metade
dos condutores identificados através de perícia lofoscópica foram também identificados
através da perícia genética, revelando que nem sempre existe uma correlação direta entre
a eficácia de ambas as especialidades. Adicionalmente, o lado esquerdo do volante, tendo
mais tempo de contato com a mão, permitiu também a obtenção de maiores quantidades
de DNA, maior qualidade dos perfis genéticos e maiores taxas de correspondências entre
XIV
os mesmos. Além disso, o sexo masculino foi mais frequentemente identificado do que o
sexo feminino.
Este trabalho, sugere que quando as forças policiais se depararem com este tipo de cenários, os esforços devem ser focados na execução da perícia genética, privilegiando-se o lado esquerdo do volante, no entanto são necessários mais estudos para confirmar os resultados aqui obtidos, os quais poderão contribuir para a definição de protocolos de ação ainda mais adequados para auxiliar o Sistema Judicial. | pt_PT |