dc.description.abstract | Um dos principais objetivos da Odontologia Forense é o da identificação de vítimas através de características dentárias. Quando não existe uma ideia de qual possa ser a identidade da vítima, são aplicados os chamados métodos reconstrutivos que vão permitir a obtenção de informações como ancestralidade, sexo ou idade aproximada do indivíduo. Dentro desta área, procuram-se novas técnicas mais precisas e pouco invasivas, que auxiliem as já existentes.
As imagens tridimensionais (3D) são cada vez mais utilizadas em Medicina Dentaria, em áreas como reabilitação oral ou ortodontia. A digitalização das imagens intraorais e dos modelos dentários tem interesse, principalmente, por terem um nível de precisão bastante elevado e permitirem ver a evolução durante o tratamento.
São poucos os estudos que utilizam estas imagens dentárias em 3D em contexto forense, e praticamente nulos os utilizados em estudos populacionais, existindo, de facto, uma grande incógnita sobre a sua utilidade na análise dentária com fins identificativos. A obtenção rápida, fácil e precisa das imagens 3D intraorais, junto com a possibilidade de uma ampla armazenagem digital, são aspetos apelativos para a sua utilização forense.
Uma questão fundamental em relação a estas imagens 3D é saber se permitem reconhecer e analisar traços morfológicos dentários em pormenor, nomeadamente aqueles relacionados com a ancestralidade/afinidade populacional. Este trabalho tem por objetivo estabelecer as bases para a validação do uso de imagens 3D intraorais no estudo de traços morfológicos dentários com interesse forense; pretende-se avaliar se estas imagens permitem a deteção e observação de características morfológicas em detalhe suficiente para serem classificadas. Ao mesmo tempo, pretende-se analisar as frequências de alguns dos traços não sujeitos a alterações terapêuticas ortodônticas na população portuguesa atual.
Os resultados mostram que as imagens 3D intraorais permitem distinguir traços morfológicos dentários de interesse forense em detalhe suficiente como para permitir a sua classificação. Apesar de esta nova técnica apresentar vantagens e desvantagens em comparação com a técnica convencional, esta revela-se inovadora e avistam-se futuras aplicações na odontologia forense. | pt_PT |