Qualidade de vida de adolescentes e jovens adultos com cardiopatia congénita
Resumen
Avaliar a qualidade de vida (QV) em adolescentes e jovens adultos com o
diagnóstico de Cardiopatia Congénita (CC). Métodos: Participaram 266 pacientes com
CC, 148 do sexo masculino e 118 do sexo feminino, com idade entre os 12 e os 30 anos
(𝑋 = 16.74 ± 3.219). Foram recolhidos dados relativos ao suporte social, informação
demográfica e limitações físicas. Completaram a entrevista semiestruturada, os
questionários de auto-relato para o ajustamento psicossocial (YSR / ASR), avaliação da
qualidade de vida (WHOQOL - BREF), o NEO FIVE – FACTOR Inventory (NEO-FFI)
e as questões da entrevista psiquiátrica estandardizada (SADS-L). Resultados: A
prevalência de psicopatologia ao longo da vida nos participantes é de 15.3% (18.5% no
sexo feminino e 12.7% no sexo masculino). A percepção da QV dos participantes é
melhor em comparação com a população portuguesa, nos domínios relações sociais,
meio ambiente e QV geral e influente perante a escolaridade da mãe (domínio
psicológico). No entanto, esta percepção é pior na tipologia complexa/grave vs. formas
moderada/leve, com lesões residuais moderadas / graves vs. lesões leves, competência
física limitada vs. com competência física satisfatória e em participantes mais velhos
(com 19 a 30 anos de idade) vs. participantes mais novos (com 12 a 18 anos de idade).
A percepção da QV (domínio físico) é pior em participantes que foram submetidos a
mais de duas intervenções cirúrgicas vs. menos intervenções cirúrgicas. Por seu lado,
participantes com a CC cianótica apresentam características de menor Extroversão e
Responsabilidade vs. CC acianótica. Valores da correlação entre NEO-FFI e QV, em
relação à CC, evidenciam características relevantes, analisadas estatisticamente, quanto
ao Neuroticismo para com os domínios da QV (físico e psicológico) a Amabilidade
(domínio físico). Ter lesões residuais graves e moderadas associam-se a um maior risco
de morbilidade psiquiátrica, bem como ter características de menor Amabilidade
conjectura uma pior percepção da QV. Conclusões: os pacientes do sexo feminino,
pacientes com idade superior a 19 anos, com tipologia complexa / grave de CC,
competência física limitada, mais de duas intervenções cirúrgicas e lesões residuais
moderadas / graves têm uma pior percepção de qualidade de vida. Ter lesões residuais
graves e moderadas prediz para um maior risco de morbilidade psiquiátrica, bem como
quanto menor a Amabilidade, em pacientes com CC, pior percepção de QV.