Impacto da Terapia do sentido de Vida no Processo de Luto: Análise retrospetiva dos Familiares

Abstract

A Terapia do Sentido de Vida (TSV) é uma intervenção terapêutica inovadora, cujo objetivo é conduzir o doente a encontrar um significado da sua existência, respeitando a dignidade, fortalecendo um sentido de valor e a adaptação ao fim de vida. Culmina na construção de um documento escrito que permite materializar um legado, denominado “Carta-de-Vida”, tendo em vista facilitar a comunicação entre o doente e o familiar. Pretende-se compreender qual o impacto da TSV no processo de luto dos familiares de doentes submetidos a esta intervenção, avaliando o potencial impacto da Carta-de-Vida no luto. No estudo participaram oito indivíduos. Elaborou-se um guião de entrevista semiestruturado, recorrendo-se à análise qualitativa. Os resultados indicam que a TSV é percecionada pelos familiares como uma experiência positiva, apesar de se identificarem sinais não promotores de adaptação, como a conspiração do silêncio, retratando a tendência social em abordar a morte. A Carta-de-Vida é interpretada como uma despedida escrita, um elemento comunicacional, promotor de proximidade emocional com o falecido, contribuindo para o processo de luto, constituindo-se uma ferramenta no processo de adaptação à perda. A idiossincrasia do processo de perda e luto remete-nos para a necessidade de continuidade de estudos de avaliação da eficácia da TSV.

Meaning of Life Therapy (MLT) is an innovative therapeutic intervention, which objective is to lead the patient to find meaning in his existence, respecting his dignity, strengthening a sense of worth and adapting to the end of life. It culminates in the elaboration of a written document that allows materializing a legacy, called “Life Letter”, to facilitate communication between the patient and the family member. The aim is to understand the impact that MLT has on the grieving process of patients‘ relatives undergoing this intervention, assessing the potential impact of the Life Letter. Eight individuals have participated in this study. A semi-structured interview guide was prepared, using qualitative analysis. The results indicate that the MLT is perceived by family members as a positive experience, despite identifying signs that don’t promote adaptation, such as the conspiracy of silence, portraying the social tendency to approach death. The Life Letter is interpreted as a written farewell, a communication element, promoting emotional closeness with the deceased, contributing to the mourning process, constituting a tool in the process of adapting to the loss. The idiosyncrasy of the loss and mourning process leads us to the need for further studies to evaluate the effectiveness of MLT.