Elementos vestigiais: caracterização e determinação analítica - Problemática do arsénio nas águas

Abstract

A água constitui um recurso essencial à vida e à manutenção da saúde humana, sendo a sua qualidade determinante para reduzir os riscos associados à exposição a contaminantes químicos e microbiológicos. Entre estes, o arsénio assume particular relevância, dada a sua ubiquidade no ambiente, a sua elevada toxicidade e o seu potencial carcinogénico, representando um desafio global em termos de saúde pública e sustentabilidade ambiental. O presente trabalho, teve como principal objetivo analisar a problemática do arsénio nas águas de consumo humano, abordando aspetos relacionados com propriedades químicas, fontes de contaminação, transporte e distribuição ambiental, toxicidade, monitorização e tecnologias de remoção. Foram identificadas as principais fontes naturais e antropogénicas de arsénio, com particular incidência em Portugal, onde, apesar do cumprimento generalizado do valor paramétrico de 10 µg/L (definido pela Organização Mundial da Saúde e legislação nacional), existem regiões com concentrações de arsénio que excedem os padrões estabelecidos. Foram abordados os principais métodos de determinação do arsénio, desde técnicas clássicas até metodologias avançadas, bem como inovações recentes que permitem uma monitorização mais sensível e seletiva, capaz de quantificar este elemento em concentrações reduzidas e caracterizar a sua especiação química. No que se refere às estratégias de remoção de arsénio em águas de consumo, avaliaram-se tecnologias, como oxidação, coagulação-floculação, adsorção, troca iónica e filtração por membranas, destacando-se a sua eficácia, limitações e contributo para a sustentabilidade ambiental. Os resultados evidenciam a importância da monitorização contínua do arsénio e do desenvolvimento de tecnologias de remoção eficazes, inovadoras e ambientalmente sustentáveis, essenciais para mitigar os riscos associados à sua presença nas águas de consumo humano, garantindo simultaneamente a proteção da saúde pública e a preservação ambiental.

Water is an essential resource for life and the maintenance of human health, with its quality being crucial to reducing the risks associated with exposure to chemical and microbiological contaminants. Among these, arsenic is of particular concern due to its environmental ubiquity, high toxicity, and carcinogenic potential, representing a global challenge in terms of public health and environmental sustainability. The main goal of this study was to analyze the issue of arsenic in drinking water, addressing aspects related to its chemical properties, sources of contamination, environmental transport and distribution, toxicity, monitoring, and removal technologies. The primary natural and anthropogenic sources of arsenic were identified, with particular focus on Portugal, where, despite the general compliance with the 10 µg/L parametric (value established by the World Health Organization and national legislation), there are regions with arsenic concentrations exceeding the established standards. The study covered key methods for arsenic measurement, ranging from classical techniques to advanced methodologies, as well as recent innovations that enable more sensitive and selective monitoring, capable of quantifying the element at low concentrations and characterizing its chemical speciation. Regarding arsenic removal strategies in drinking water, technologies such as oxidation, coagulation-flocculation, adsorption, ion exchange, and membrane filtration were compared, highlighting their efficiency, limitations, and contribution to environmental sustainability. The results underscore the importance of continuous arsenic monitoring and the development of effective, innovative, and environmentally sustainable removal technologies, which are essential to mitigate the risks associated with its presence in drinking water while simultaneously ensuring public health protection and environmental preservation.