The Impact of Creatine - Supplementation on Cancer
Resumen
O cancro, uma doença complexa e multifatorial, continua a ser uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo e mantém-se como um dos maiores impulsionadores da procura por abordagens terapêuticas inovadoras. A suplementação com creatina, amplamente conhecida pelo seu papel ergogénico no desporto e pela sua contribuição para o equilíbrio energético, tem despertado, recentemente, um interesse crescente no campo da oncologia. Dado que as células cancerígenas dependem fortemente do metabolismo energético para o seu crescimento, sobrevivência e potencial metastático, compreender o envolvimento da creatina nestes processos pode abrir novas perspetivas terapêuticas.
Esta revisão narrativa sintetiza evidência proveniente de doze estudos publicados entre 2015 e 2025, incluindo experiências pré-clínicas, ensaios clínicos e análises epidemiológicas, com o objetivo de avaliar os potenciais benefícios e riscos da suplementação com creatina no contexto oncológico. Os resultados revelam um duplo efeito: a creatina pode potenciar a imunidade antitumoral ao aumentar a disponibilidade de adenosina trifosfato (ATP) nas células imunitárias, contrariar a caquexia associada ao cancro através da preservação da massa muscular e melhorar os resultados de reabilitação em sobreviventes de cancro da mama. Por outro lado, alguns tipos de cancro exploram o metabolismo da creatina, particularmente através da via Monopolar Spindle Kinase 1 (MPS1)–Smad2/3, para promover a progressão tumoral e a metastização. O análogo não metabolizável, ciclocreatina, demonstrou efeitos inibitórios na progressão do cancro da próstata e da mama, sugerindo um potencial terapêutico na interrupção da dependência tumoral das vias metabólicas da creatina.
Os estudos epidemiológicos não mostram associação entre a ingestão alimentar de creatina e a incidência de cancro, enquanto os dados de segurança indicam que a creatina não contribui para a formação de aminas heterocíclicas carcinogénicas em humanos. De forma geral, a creatina emerge como um agente dependente do contexto, cujos efeitos podem ser benéficos ou prejudiciais, consoante a biologia tumoral e as características individuais do doente. Futuras investigações deverão dar prioridade a ensaios clínicos baseados em biomarcadores, com vista a identificar os subgrupos de doentes mais propensos a beneficiar da suplementação, abrindo caminho para uma abordagem personalizada ao uso da creatina em oncologia. Cancer, a complex and multifactorial disease, remains one of the leading causes of mortality worldwide and continues to drive the search for innovative therapeutic approaches. Creatine supplementation, primarily known for its ergogenic role in sports and its contribution to energy buffering, has recently attracted growing attention in oncology. Because cancer cells are highly dependent on energy metabolism for their growth, survival, and metastatic potential, understanding creatine’s involvement in these processes may open new therapeutic perspectives.
This narrative review synthesizes evidence from twelve studies published between 2015 and 2025, including preclinical experiments, clinical trials, and epidemiological analyses, to evaluate the potential benefits and risks of creatine supplementation in cancer. Findings reveal a dual effect: creatine can enhance antitumor immunity by improving Adenosine Triphosphate (ATP) availability in immune cells, counteract cancer cachexia by preserving muscle mass, and improve rehabilitation outcomes in breast cancer survivors. Conversely, some cancers exploit creatine metabolism, particularly through the Monopolar Spindle Kinase 1 (MPS1)–Smad2/3 pathway, to promote tumor progression and metastasis. The non-metabolizable analogue cyclocreatine demonstrated inhibitory effects on prostate and breast cancer progression, suggesting therapeutic potential in disrupting tumor reliance on creatine pathways.
Epidemiological studies show no association between dietary creatine intake and cancer incidence, while safety data indicate that creatine does not contribute to the formation of carcinogenic heterocyclic amines in humans. Overall, creatine emerges as a context-dependent agent whose effects may be either beneficial or detrimental depending on tumor biology and patient characteristics. Future research should prioritize biomarker-driven clinical trials to identify subgroups most likely to benefit, paving the way for a personalized approach to creatine use in oncology.

