Estatuto psicossocial e morbilidade psiquiátrica em adolescentes e jovens com cardiopatias congénitas
Voir/ Ouvrir
Date
2011Auteur
Coelho, Rosália Maria da Silva Gomes
Metadata
Afficher la notice complèteRésumé
Objectivos: Caracterizar a população de adolescentes e jovens adultos com cardiopatias
congénitas (CC) com ou sem correcção cirúrgica ao nível do ajustamento psicossocial e
da morbilidade psiquiátrica.
População e Métodos: Participaram neste estudo 74 pacientes com CC, 41 do sexo
masculino e 33 do sexo feminino, com idades entre os 12 e os 26 anos (média = 18.76 ±
3.86). Foram recolhidos os dados clínicos mais relevantes e foi aplicado um conjunto de
instrumentos num único momento temporal, constituído por uma entrevista semiestruturada,
uma entrevista psiquiátrica estandardizada (SADS-L) e questionários para
avaliar o ajustamento psicossocial na forma de auto-relato (YSR, ASR) e relato dos
cuidadores (CBCL, ABCL).
Resultados: O sexo feminino evidenciou maior tendência a apresentar queixas
somáticas (u=886.000;p=0.021), ansiedade/depressão (u=952.500; p=0.003),
comportamentos agressivos (u=999.000;p=0.005) e alterações de pensamento
(u=929.500;p=0.005). Os pacientes com CC complexas relataram mais queixas
somáticas (u=461.000;p=0.049), alterações de pensamento (u=442.000; p=0.027) e
internalização (u=429.000; p=0.021). Quando submetidos a cirurgias, os pacientes
denotaram mais isolamento (u=238.500; p=0.012), enquanto os cuidadores dos
pacientes sem cirurgias reportaram mais queixas somáticas (u=412.000; p=0.041) e
alterações de pensamento (u=408.500; p=0.040). Os pacientes com pior suporte social
revelaram mais isolamento (u=767.500; p=0.005) e comportamentos delinquentes
(u=745.000; p=0.011). Foi verificado neste estudo que 23% dos participantes
apresentavam diagnóstico psiquiátrico que comparado com a prevalência de 10%
sugerida pela OMS para a população geral, parece indicar uma tendência à
psicopatologia nestes pacientes.
Conclusões: Os pacientes com CC evidenciaram uma tendência a possuírem
psicopatologia, sendo o sexo feminino mais predisposto a sofrer com os efeitos do
ajustamento psicossocial, tendo o suporte social um papel preponderante nos pacientes.