Ajustamento emocional dos adolescentes e jovens adultos com cardiopatia congénita
Résumé
O objectivo da investigação foi compreender o nível de ajustamento emocional e comportamental dos doentes com cardiopatia congénita, tanto na perspectiva do próprio doente, como na perspectiva dos pais.
A avaliação decorreu num único momento temporal, recorrendo a uma Entrevista Clínica Semi-estandardizada e a quatro questionários, o YSR (Youth Self-Report), o ASR (Adult Self-Report), o CBCL (Child Behavior Checklist) e o ABCL (Adult Behavior Checklist). Foram aplicados numa amostra de 40 adolescentes e jovens adultos com cardiopatia congénita, com e sem correcção cirúrgica, com idades compreendidas entre os 12 e os 26 anos de idade, de ambos os sexos. A recolha de dados decorreu no Hospital de São João, nos respectivos serviços de Cardiologia.
Após a análise estatística dos resultados verificou-se que as raparigas jovens adultas com cardiopatia congénita apresentam mais comportamentos externalizadores quando comparadas com os rapazes jovens adultos com cardiopatia congénita. Verifica-se também que os jovens adultos com cardiopatia congénita de maior gravidade relatam mais comportamentos internalizadores, nomeadamente na escala do isolamento. No entanto não houve uma relação directa entre o tipo de cardiopatia e o (des) ajustamento emocional. Tendo em consideração as restrições médicas desta patologia, observa-se que os adolescentes com uma capacidade física reduzida manifestam mais comportamentos internalizadores. Relativamente à variável de suporte social, esta não se demonstrou estatisticamente significativa para o ajustamento emocional.
Conclui-se que não há uma associação significativa entre a cianose e o desajustamento emocional, bem como o suporte social e o ajustamento emocional, no entanto é importante ter em atenção o tamanho reduzido da nossa amostra, uma vez que os estudos já existentes com informação consolidada aos quais se recorreu, são dotados de uma amostra bastante ampla, tornando-se por isso mais representativa da realidade destes pacientes.