Modulação das respostas de activação plaquetária pelo eptifibatide: uma abordagem citómica e proteómica
Resumo
Os antiplaquetários são actualmente bastante utilizados no controlo
das doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no mundo
ocidental. De entre estes, o Eptifibatide tem demonstrado reduzir as
complicações isquémicas agudas sem risco aumentado de efeitos
adversos. Contudo, os mecanismos moleculares subjacentes à acção
do Eptifibatide nas respostas de activação plaquetária permanecem
por esclarecer. Nesse sentido, no presente estudo, (i) analisaram-se,
em amostras de sangue total, diversos parâmetros bioquímicos de
activação plaquetária por citometria de fluxo (CMF), em resposta a
diferentes agonistas, antes e após a exposição ao Eptifibatide, e (ii)
caracterizaram-se as alterações induzidas pelo Eptifibatide no perfil
proteico do secretoma das plaquetas, utilizando 2D-PAGE-MS/MS.
De um modo geral, os resultados evidenciaram uma diminuição da
secreção das plaquetas na presença deste fármaco, associada a
uma diminuição da activação de GPIIb/IIIa e da mobilização de Ca2+.
A secreção de proteínas relacionadas com a hemostase, tais como o
fibrinogénio e a trombospondina-1, diminuíram significativamente na
presença de Eptifibatide, ao contrário dos níveis da enzima
antioxidante peroxiredoxina 2 e da variante do factor plaquetário 4.
De um modo geral, os nossos resultados demonstram que a
utilização de uma abordagem metodológica integrada, na avaliação
do efeito do Eptifibatide na funcionalidade das plaquetas, é
fundamental para elucidar os mecanismos segundo os quais o
fármaco em estudo influencia as respostas de activação plaquetária,
imprescindível na correcta avaliação e monitorização terapêutica das
doenças cardiovasculares.