Simultaneous quantification of tramadol and m1 in hair samples by gas chromatography-mass spectrometry
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Data
2012Autor
Pinho, Sandra Cristina dos Santos
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Devido à sua capacidade única de armazenamento a longo prazo de xenobióticos
(XBs), o cabelo tem adquirido, ao longo dos últimos 20 anos, uma maior atenção e
reconhecimento para a investigação retrospetiva de exposição crónica de XBs, bem
como exposição intencional ou acidental. A sua estrutura sólida e natureza durável
promovem a estabilidade dos XBs na haste capilar, mesmo durante séculos após a
administração. A grande janela de deteção é a principal vantagem do cabelo em
comparação com as amostras convencionais (sangue e urina). De facto, as três
amostras biológicas complementam-se entre si: as análises ao sangue e urina
fornecem informação de curto prazo, enquanto a história a longo prazo é fornecida
através da análise do cabelo (que pode expandir entre meses e anos, dependendo do
comprimento cabelo analisado). Esta vantagem associada à recolha não invasiva e à
desnecessidade de condições especiais de armazenamento, fazem o cabelo uma
ferramenta útil em toxicologia forense.
Embora haja consenso razoável de que os resultados qualitativos da análise do
cabelo são válidos, a interpretação dos resultados ainda está em debate devido a
questões não resolvidas, como a influência de contaminação externa que é
frequentemente associada com a interpretação incorreta dos resultados (falsos
positivos).
O tramadol é um dos analgésicos mais utilizados em todo o mundo. A sua
reduzida habilidade de indução abuso e dependência está documentada. No entanto,
nos últimos anos, tem-se verificado um aumento do número de casos de dependência,
abuso e intoxicação por tramadol. Uma vez que a incidência de abuso por tramadol,
concentra-se principalmente em indivíduos com história de abuso de drogas, o cabelo
torna-se a matriz ideal para a investigação retrospetiva do abuso crónico de tramadol.
A fim de excluir a possibilidade de contaminação externa, é importante para quantificar
simultaneamente tramadol e o seu metabolito principal, O-desmetiltramadol (M1), que,
quando presente no cabelo, representa exposição interna uma vez que não existe sob
a forma medicamentosa.
Durante os últimos anos, foram publicados alguns estudos de análise do cabelo
para a deteção e quantificação do tramadol. Por outro lado nenhum estudo de
validação para a deteção e quantificação de M1 no cabelo foi documentado.
Este trabalho teve como objetivo desenvolver e validar um método baseado em
cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (GC-MS) para deteção e
quantificação de tramadol e M1 em amostras de cabelo humano. O trabalho experimental foi organizado em três partes: parâmetros de otimização
(GC-MS parâmetros, extração de fase sólida (SPE) e condições de derivatização),
validação do método e comprovação da sua aplicabilidade. A validação do método foi
realizada de acordo com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA). A exatidão,
limites de deteção (LOD), limites de quantificação (LOQ), a recuperação, linearidade,
seletividade, a precisão (intradia e interdia) método foram determinadas.
O método GC-MS mostrou ser específico, exato (entre 100.3-108.0%) e preciso
(CV% entre 3.85-10.06% para tramadol e 7.24-13.24% para M1). A curva de
calibração (0.1-20 ng / mg) apresentou uma boa linearidade para ambos os analitos
com coeficientes de correlação de 0.9995 e 0.9997 para o tramadol e M1,
respetivamente. Os LOD e LOQ foram 0.03 e 0.02ng/mg, e 0.08 e 0.06ng/mg, para o
tramadol e M1, respetivamente.
Após a validação, o método foi aplicado a seis casos clínicos de tratamento
monitorizado de tramadol. As amostras reais foram recolhidas de seis pacientes, dois
do sexo feminino e quatro do sexo masculino (com idades 24-90 anos) que tinham
sido tratados com tramadol para diversos fins medicinais. As seis amostras foram
positivas para o tramadol e M1, e todas as concentrações estavam dentro da gama da
curva de calibração. A discrepância entre as concentrações de tramadol e M1 das
amostras reais, provavelmente, é a consequência da droga mãe apresentar
propriedades físicas e químicas favoráveis à incorporação e depositação no cabelo, ou
seja, apresenta menor polaridade que o M1 e exibe propriedades básicas que facilitam
a sua deposição na melanina.