Correlação entre a avaliação invasiva e não invasiva através de Doppler tecidular das pressões de enchimento ventricular esquerdo em doentes com estenose aórtica isolada e fração de ejeção preservada
Resumo
Permanecem dúvidas relativamente à validação de métodos não invasivos ecocardiográficos para avaliação das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo em diferentes contextos.
Objectivo: Verificar se existe correlação entre a estimativa das pressões de enchimento ventricular esquerdo, avaliado pela relação entre a onda E do fluxo transmitral e a onda e’ da velocidade do anel mitral, e a pressão telediastólica do ventrículo esquerdo (PTDVE) avaliada por cateterismo em doentes com estenose aórtica (EA) isolada e fração de ejeção (FE) preservada.
População e Métodos: Em sessenta e sete doentes com EA isolada grave e FE preservada, propostos para substituição valvular, foram avaliados a PTDVE por cateterismo, e parâmetros ecocardiográficos de avaliação da função diastólica através do fluxo transmitral e Doppler tecidular do anel mitral.
Resultados: Não se encontrou correlação significativa entre a relação E/e’ e a PTDVE avaliada por cateterismo (r=0,13 e p=0,27). A estimativa não invasiva de pressões de enchimento do VE aumentadas correlacionou-se com a classe NYHA ≥3 (p=0,03) e maiores volumes auriculares esquerdos (VAE) (p=0,007 para VAE e p=0,001 para VAE indexado), tendo a relação E/e’ mostrado forte tendência para associação positiva com o volume auricular esquerdo indexado (r=0,23 e p=0,08) e classe NYHA (p=0,18). A PTDVE não se correlacionou com estes parâmetros.
Conclusão: Nos doentes com estenose aórtica isolada, o uso do Doppler tecidular e da relação E/e´ para avaliação da função diastólica parecem ser de maior utilidade clínica do que a determinação invasiva da PTDVE