Qualidade de vida em adolescentes e jovens adultos com cardiopatias congénitas
Resumo
Objectivos: O objectivo deste estudo é avaliar a qualidade de vida (QdV) numa população de adolescentes e jovens adultos com cardiopatias congénitas (CC).
Métodos: Participaram 110 doentes com CC, dos quais 62 eram do sexo masculino e 48 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 12 e os 26 anos (média = 18,00 ± 3,617). Este estudo foi realizado apenas num único momento temporal, do qual foram recolhidos aspectos relevantes, nomeadamente dados clínicos e demográficos. Para além disso, foi administrado um conjunto de instrumentos de avaliação psicológica constituído por uma entrevista semi-estruturada, uma entrevista psiquiátrica estandardizada (SADS-L) e um questionário de avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-BREF).
Resultados: Quando realizada a comparação com a população geral portuguesa, sem historial da doença, a nossa população obteve uma melhor QdV no domínio das relações sociais (t=3.566; p=0.001) e no domínio do meio ambiente (t=5.776; p=0.000).
Em contrapartida, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, no que respeita ao diagnóstico psiquiátrico e à gravidade da CC.
Quando comparada a submissão dos doentes a intervenções cirúrgicas com o grupo de doentes sem intervenção cirúrgica, os resultados apontam para uma melhor qualidade de vida associada ao grupo de doentes sem cirurgia, como se pode verificar através dos resultados ao nível físico (t=-2,525; p=0,013), psicológico (t=-2,394; p=0,018), relações sociais (t=-2,502; p=0,014) e QdV geral (u=1294,000; p=0,006).
O suporte social traduziu-se em resultados bastante significativos, denotando ser um factor importante na vida destes doentes, em todos os domínios, a nível físico (t=2,707; p=0,008), psicológico (t=2,755; p=0,007), relações sociais (t=4,976; p=0,000), meio ambiente (t=3,085; p=0,003) e QdV geral (u=623,500; p=0,000).
No tocante ao percurso escolar satisfatório existem resultados estatisticamente significativos associados à QdV nos domínios: psicológico (t=2,457; p=0,016), meio ambiente (t=2,346; p=0,021) e QdV geral (u=926,500; p=0,013).
Conclusão: Os doentes com CC apresentam uma melhor qualidade de vida quando não realizam intervenções cirúrgicas, quando têm um bom suporte social, assim como quando têm um percurso escolar satisfatório.