Investigação da variabilidade da captação miocárdica de 18F-FDG em doentes oncológicos em relação ao mapeamento normal de 18F-FDG no fígado
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Data
2013Autore
Pinheiro, Teresa Ferreira Ledo Veiga
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Propósito do estudo: Com o aumento da utilização da tomografia por emissão de positrões acoplada à tomografia computadorizada (PET/TC), com 18F-2-deoxi-2-flúor-D-glicose (18F-FDG) na imagem oncológica, é importante estar ciente de que a avaliação da captação de 18F-FDG é variável. Desta forma, a exatidão da interpretação dos estudos PET/TC é comprometida. O metabolismo miocárdico humano apresenta-se com uma elevada variabilidade tanto fisiológica como condicionada por situações fisiopatológicas onde surgem controvérsias. A PET/TC torna-se então atrativo devido à sensibilidade e
especificidade elevada no diagnóstico. Este estudo teve como objetivos verificar a variabilidade da captação de 18F-FDG no miocárdio e relacioná-la com a captação no tecido hepático e com os focos de captação anormal do radiofármaco. Adicionalmente pretendeu-se mapear a captação 18F-FDG no fígado, no pulmão e na medula óssea.
Métodos: O presente estudo de tipo prospetivo foi realizado numa população constituída por 135 de utentes para diagnóstico e/ou prognóstico tumoral. Todos os indivíduos realizaram estudos PET/TC de corpo inteiro com 18F-FDG entre 7 de novembro de 2011 e 31 de janeiro de 2012. Os dados para
cada indivíduo nomeadamente: idade (anos), índice de massa corporal (IMC em kg/m2), glicemia sanguínea (mg/dl), tempo de jejum (horas), presença de diabetes Mellitus (DM), tratamento para a diabetes (se com insulina ou se só antidiabéticos orais) e toma do sedativo (diazepam) no momento do estudo PET/TC, foram anotados. Em todos os estudos PET/TC e sobre ROI`s (região de interesse) obtiveram-se os dados quantitativos de standardized uptake values médios e máximos (SUVméd e SUVmáx, respetivamente) para os tecidos cardíaco, hepático, pulmonar e para a medula óssea em cortes transaxiais. Realizou-se a média dos SUVs obtidos para uso na análise estatística. Os dados qualitativos foram obtidos visualmente relativos à análise miocárdica comparada com a hepática e aos focos de captação anormal presentes no organismo de cada indivíduo.
Resultados: A amostra foi constituída por 78 homens e 57 mulheres com idades entre os 17 e os 85 anos. Os SUVméd e SUVmáx seguiram a mesma tendência, pelo que só se utilizou o SUVméd nas restantes análises de relação de variáveis. Os testes não paramétricos entre a captação miocárdica de 18F- FDG e as variáveis antropométricas (idade: p=0,14; sexo: p=0,06), clínicas (IMC: p=0,29; DM: p=0,74; tratamento para a DM: p=0,51) e respeitantes ao protocolo 18F-FDG-PET/TC (glicemia: p=0,75; diazepam: p=0,14; tempo de
jejum: p=0,35) não apresentaram relações estatisticamente significativas. A relação da captação miocárdica visual relativamente à do fígado com o SUVméd miocárdico apresenta um p<0,001 mas com um coeficiente de correlação de -0,14 entre o SUVméd miocárdico com o SUV médio no fígado. As variáveis referentes ao número, localização e intensidade dos focos de captação anormal não se relacionaram significativamente com o SUVméd no
miocárdio. Da análise de regressão linear multivariada entre o SUVméd e as variáveis antropométricas, clínicas e relativas ao protocolo 18F-FDG-PET/TC, apenas a idade e o IMC mostraram associação com o SUVméd do fígado (N=131; R2=0,18; idade: p=0,008 e índice de correlação de 0,24; IMC: p=0,0002 e índice de correlação de 0,33) e o IMC ao SUVméd do pulmão (R2=0,24; p=0,0001 e índice de correlação de 0,49). Por fim, foram encontrados intervalos preditivos (Prediction Intervals - PI) para os SUVméd e SUVmáx no pulmão, medula óssea e fígado.
Conclusão: Este estudo permitiu verificar relativamente à variabilidade da captação miocárdica, a não existência de relação estatisticamente significativa entre a captação fisiológica miocárdica de 18F-FDG e as variáveis em estudo. O
fígado não foi convincente no que respeita à capacidade preditora para a captação miocárdica. A captação hepática correlacionou-se positivamente com o IMC e com a idade dos indivíduos e a captação pulmonar apenas com o IMC. O fígado foi o órgão de maior captação, seguido da medula óssea e por fim o pulmão com menor captação.