Ensaios clínicos sobre a eficácia da intervenção cognitiva-narrativa no luto: prevenção e tratamento
Resumen
O presente trabalho, para obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica, engloba dois ensaios clínicos sobre a eficácia da intervenção clínica cognitiva-narrativa quer na prevenção quer no tratamento do luto complicado, sob a forma de artigos. No primeiro artigo o objetivo é o estudo da determinação da avaliação da eficácia da aplicação de um programa manualizado de intervenção cognitiva-narrativa, no luto complicado, de forma a reduzir a depressão e os sintomas pós-traumáticos decorrentes daquele fenómeno. Consistiu num ensaio clínico randomizado controlado longitudinal no qual foi aplicado um manual cognitivo-narrativo. Foram estabelecidos dois grupos: grupo de intervenção (GI) (n=18), e grupo de controlo (GC) (n=20). Os grupos foram avaliados antes e após três meses da intervenção. Como instrumentos foram utilizados: CES-D: Center for Epidemiologic Studies Depression Scale, Inventário de Luto Complicado (ICG) e
Questionário de Trauma (ICD-11). O GI foi sujeito a um programa de intervenção constituído por quatro sessões de 60 minutos. Através da análise das médias obtidas nos instrumentos e comparadas as diferenças através de um teste t para amostra independentes, verificou-se que na avaliação inicial não existiram diferenças estatisticamente significativas entre grupos. No entanto, na avaliação de follow-up constatou-se que o GI experimentava valores muito inferiores no ICG, quando comparado com o GC (p <.05). Através da análise dos instrumentos utilizados, verificou-se uma elevada aceitabilidade e satisfação com o programa, sendo que este não provocou efeitos negativos nos participantes ao nível da sintomatologia depressiva e traumática,
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verificando-se ainda diferenças estatisticamente significativas entre os grupos na área do luto complicado.
O segundo artigo apresenta um estudo onde a realização daquele programa, teve como principais objetivos, a prevenção dos sintomas de depressão e de trauma, seis meses após a perda, obtendo-se níveis elevados de aceitabilidade dos sujeitos em relação à intervenção com um reduzido número de sessões e, consequentemente, validação e eficácia do programa. A utilização do teste t não permitiu revelar dados significativos, uma vez que não é o teste ideal para amostras pequenas, todavia, quando procuramos analisar o efeito do programa com uma estatística não-paramétrica, como foi o caso de comparar, através do qui-quadrado, a evolução dos grupos no perfil longitudinal foi verificada a eficácia do programa.
Em ambos os estudos, relativamente à amostra e ao processo de amostragem salienta-se a não representatividade da população portuguesa por serem pequenas e aleatórias. Deste modo, os resultados encontrados devem ser estritamente enquadrados nos objetivos traçados para esta investigação. Por tudo isto, e numa perspetiva crítica dos estudos, consideramos pertinente que futuras investigações contemplem a utilização de desenhos longitudinais com follow-up de um ano após a perda, no sentido de contrariar a ideia de que aquando uma intervenção, os indivíduos geralmente diminuem os seus níveis de depressão apenas nos primeiros meses após a perda