Análise da dimensão do rebordo alveolar antes e após o tratamento ortodôntico na AILS: estudo piloto.
Abstract
A ausência congénita dentária é uma anomalia relativamente comum, daí que seja motivo
de interesse de estudos científicos há várias décadas.
Sabe-se, que o movimento ortodôntico de dentes adjacentes através da crista alveolar
edêntula pode desenvolver dimensões adequadas de osso alveolar, sem recorrer a
procedimentos regenerativos. À medida que o dente se move ao longo da crista, o osso é
depositado, corrigindo deficiências dimensionais.
Os objetivos do estudo foram, em primeiro lugar, comparar as alterações dimensionais
do rebordo alveolar antes, no final e um ano após o tratamento ortodôntico (TO), nos
casos de agenesia de incisivos laterais superiores (AILS), cuja opção foi a abertura do
espaço e, em segundo, avaliar a possibilidade do uso do modelo de gesso e radiografias
panorâmicas (RP) como substitutos da tomografia computorizada Cone Beam (TCCB).
Material e Métodos: O estudo foi constituído por uma amostra de 18 modelos em gesso,
correspondentes a 6 pacientes que apresentavam AILS, com mesialização dos caninos
antes do TO. Realizaram-se 228 medições em modelos de gesso e RP recolhidas em três
períodos distintos, antes (T1), final (T2) e pelo menos 1 ano após o TO (T3). Na fase T2
foi também analisada a TCCB.
Para o primeiro objetivo foram efetuadas medições da altura de osso e da abertura de
espaço (largura) entre o canino superior e o incisivo central superior na RP e da abertura
e espessura nos modelos de gesso, sendo esta última efetuada através de torqueis medidos
a 1mm e a 6mm da altura do osso. Avaliou-se também a abertura de espaço com o nível
da altura óssea na RP, e a abertura de espaço com a espessura dos modelos de gesso, ao
longo do tempo estudado.
Para o segundo objetivo foram comparados os valores da altura do nível ósseo e largura
na RP com a TCCB e da espessura dos modelos com a espessura da TCCB.
A análise estatística foi efetuada com recurso ao SPSS versão 20.0 (IBM), com a
utilização de testes não-paramétricos.
Resultados: Não houve uma diferença estatisticamente significativa nos 3 períodos de
tempo com: a espessura dos modelos (a 1 e a 6mm) no lado direito e esquerdo, nem com
a altura do nível ósseo na RP (p>0.05; teste de Friedman).
Não existiu qualquer correlação estatisticamente significativa ao longo do tempo
estudado entre: a abertura do espaço e a altura do nível do osso nas RP; nem entre a
abertura de espaço nos modelos e a espessura nos mesmos modelos de gesso (p>0.05 para
todos os casos, teste de correlação de Sperman).
No entanto, verificou-se uma diferença estatisticamente significativa na largura na RP,
nos 3 períodos de tempo, tanto à direita como à esquerda (respetivamente p=0.022 e
p=0.018; teste de Friedman).
A TCCB não teve uma correlação estatisticamente significativa no que diz respeito à
altura do nível do osso com a da RP; na espessura com os modelos de gesso (a 1 mm e a
6mm) (p>0.05 lado direito e esquerdo); na largura com a RP (p>0.05 lado direito e
esquerdo; teste de correlação de Sperman).
Conclusão: Não há variação significativa na espessura, altura e largura do osso ao longo
do tempo, antes e um ano após o final do TO, tendo em conta a abertura inerente do
espaço no caso de AILS. Muito provavelmente devido ao facto de, nos casos estudados,
o canino apresentar-se numa posição mesializada antes do TO, mantendo assim as
dimensões ósseas ao longo do tempo.
Ficou demonstrado que o modelo de gesso e a RP parecem não ser bons substitutos do
TCCB, para estas medições específicas.