As crianças con Doença Renal Crónica na consulta odontológica: o qué esperar
Resumen
A incidência e prevalência de crianças com doenças renais incrementou-se
significativamente nos últimos anos. O tratamento do paciente pediátrico que está afetado
por uma DRC, requer neste momento que a comunidade de nefrólogos modificou os seus
protocolos diagnósticos, não só da colaboração entre equipas, como também de uma
capacitação por parte do odontopediatra. Os novos critérios devem ser conhecidos, bem
como a gestão médica da doença, achados bucais e requisitos do tratamento odontológico,
com a finalidade de fazer uma correta abordagem e evitar possíveis complicações. Destacam
as considerações à hora de medicar o paciente e a importância da saúde oral, bem como as
consequências de existir focos infecciosos bucais no paciente com esta patologia crónica.
o Objetivos: Este trabalho visa realizar uma revisão sistemática e estabelecer uma Guia de
Atenção Odontológica em Crianças e Adolescentes com DRC, com base numa revisão
exaustiva da literatura publicada nos últimos 15 anos, que acompanhe o médico dentista na
monitorização dos seus pacientes, informando-os do que podem esperar e como agir.
o Métodos: Na busca de informação e evidências científicas deste relatório seguimos a guia
do “Cochrane reviewers´handbook” da rede Cochrane. Este proceso foi desenvolvido entre
Janeiro e Abril de 2016. Foram realizadas pesquisas na Cochrane Database of Systematic
Reviews (CDSR), no PubMed / Medline, e na EBSCOHOST. Foram utilizados limites na busca
como: clinical trial, randomized controleled trial e review. Quanto à disponibilidade, os
critérios foram Abstract, Free full text e Full text. Em paralelo, foram selecionadas
referências adicionais dos artigos pertinentes (busca reversa), capítulos de livros de texto
relevantes, entrevistas com experts e outros recursos da web. Também foram revisados
repositórios de teses e protocolos de diferentes organizações reconhecidas. Todas as
referências de estudos identificados como selecionados cumpriam com os critérios de
inclusão: artigos em Inglês, Espanhol ou Português, publicados entre 01/01/2000-
31/12/2015, referentes à faixa etária 0-18 anos, que ao aplicar a FLC 2.0 obtiveram um
resultado BOM/REGULAR. Critérios de exclusão: artigos referidos a outras faixas etárias, e
os artigos que ao aplicar a FLC 2.0 obtiveram um resultado considerado MAU ou NÃO
CLASSIFICÁVEL.
o Resultados: Analisamos 145 artigos dos quais 26 cumpriram com os critérios de inclusão
anteriormente descritos. Destes 13 eram estudos de casos/controlo, 12 séries de casos e
uma revisão sistemática, desenvolvidos em 13 populações e nos que participaram um total
de 2144 crianças e adolescentes. No que diz respeito às manifestações orais de DRC/DRT
em crianças e adolescentes podemos indicar que este estudo identificou as seguintes: A
nivel salivar, destaca urémia ↑, pH ↑, e fluxo normal ou ligeiramente diminuido en HD.
Os níveis de cárie são menores, apesar de índices de placa bacteriana, gengivite, e cálculo
importantes. Apresentam, em função do momento de ínicio da insuficiência, hipoplasia de
esmalte que pode afetar a dentição decídua ou permantente, atraso eruptivo, e alterações
da câmara pulpar. Aparece osteodistrofia renal pela própria patología e pigmentações
intínsecas e extrínsecas são referidas como mais frequentes do que em crianças sadias. Em
relação às manifestações orais de crianças e adolescentes transplantados, esta revisão
conseguiu identificar: infeções fúngicas e víricas muito mais frequentes e persistentes
(Cândida, Herpes), lesões ulcerosas mais frequentes e de maior tamanho. Maiores níveis de
placa bacteriana, gengivite e cálculo e hiperplasia gengival secundária a protocolo
terapêutico. Nesta etapa a cárie é um tema controverso e tanto se verifica um aumento (já
que o fator protector do pH e a saliva fortemente tamponada deixa de atuar e a higiene oral
não é boa), como não se verificam diferenças com crianças sem transplante, dependendo do
momento de ínicio da doença. Mantêm-se a patología prévia como hipoplasias de esmalte,
alterações dentárias e pigmentações.
o Conclusões: Com a revisão sistemática realizada concluimos que não existe suficiente
evidência científica nem recomendações clínicas específicas para o tratamento odontológico
das crianças nos diferentes estádios e situações, estando focadas em adultos ou crianças
com outras patologias (i.e crianças imunodeprimidas por patologia oncológica). Tendo
atenção aos dados recolhidos no presente trabalho, propõe-se um Guia de Prática Clínica
baseada na maior informação possível compilada até Julho de 2016, desenhada para prover
informação e assistir no processo de toma de decisões. Variações na prática vão ocorrer
inevitavelmente e apropriadamente quando os clínicos tomarem em consideração as
necessidades de cada paciente em forma individual, os recursos disponíveis e as limitações
específicas de cada instituição ou tipo de prática. Cada profissional prestador de saúde é
responsável por avaliar se estas recomendações são apropriadas em cada caso particular.