CONCEITO DE BIOMIMÉTICA E ABORDAGEM MINIMAMENTE INVASIVA
Résumé
A noção de biomimética, pode ser vista como o estudo, estrutural e funcional
dos sistemas biológicos, como modelos para a conceção e engenharia de materiais. Na
medicina dentária é tratada, como o estudo da estrutura dentária intacta, da sua função e
biologia, como modelo para o desenvolvimento de materiais, técnicas e equipamento, para
a restauração ou substituição dentária, para isto, é necessário um bom entendimento, do
que iremos restaurar. Abordagens minimamente invasivas, conservadoras da estrutura
dentária, são opções com uma aplicação cada vez maior, e um fator altamente contributivo
para este aumento, foi o desenvolvimento dos sistemas e técnicas de adesão. Para
mimetizarmos a estrutura dentária, a nível estético e biomecânico temos de empregar os
materiais que melhor simulam o dente natural.
Objetivo: Este estudo tem como objetivo, aprofundar a temática do biomimetismo, na área
da medicina dentária, com procedimentos minimamente invasivos, pretendendo-se recriar
a estética e a função, com preservação máxima dos dentes naturais.
Material e Métodos: A pesquisa bibliográfica foi realizada, através do acesso online às bases
de dados PubMed, Science Direct, e repositório de dados ResearchGate, através do motor
de busca Google. Os artigos analisados, foram publicados desde 1999 até 2016.
Discussão: O biomimetismo, mostra a necessidade, de pesquisa das funções físicas e
biológicas dos materiais de restauração, e a projeção de novos e melhorados substitutos,
sendo para a medicina dentária restauradora, o dente natural íntegro, a referência
incontestável. O comportamento fisiológico do dente íntegro, é o resultado de uma relação
intima e balanceada, entre os parâmetros biológicos, mecânicos, funcionais e estéticos. O
conjunto de dois tecidos, esmalte e dentina, com módulos elásticos diferentes, necessitam
uma combinação complexa, para um sucesso funcional a longo termo. A junção
amelodentinária, é uma interface moderadamente mineralizada, e as propriedades desta,
servem para desenvolver novos agentes de adesão, de modo a permitir a recuperação da
integridade biomecânica. O princípio biomimético, leva-nos para a análise de qual o
material, que melhor simula o comportamento do esmalte e dentina. Estudos mostram, que
a cerâmica feldspática é o substituto mais apropriado para o esmalte, e para a dentina os
compósitos híbridos, devido ao módulo de elasticidade ser similar, respetivamente. A
aplicação do princípio biomimético, mostra que novas abordagens restauradoras, devem ter
o objetivo, de criar a restauração mais compatível com os tecidos dentários subjacentes, e
não a restauração mais forte de todas. A variedade de tratamentos disponíveis, permite em
grande parte, selecionar uma abordagem que conserve, o máximo tecido dentário intacto.
A evolução dos materiais cerâmicos, e das técnicas de adesão, deram um grande contributo
para a realização de tratamentos estéticos, simulando o dente natural, com obtenção de
uma boa resistência. A preservação de esmalte, representa um fator determinante e
essencial, para o sucesso restaurador, pois possui um valor previsível na adesão, e o fato
de poder ser condicionado, resulta numa grande mais-valia. Estudos mostram, que as
facetas cerâmicas terão um maior sucesso e mais previsível, se a restauração for aderida
ao esmalte. O sucesso da adesão final, está dependente, da preparação adequada e do
condicionamento das superfícies envolvidas, pois o condicionamento deve fornecer uma
adesão duradoura, entre o substrato, dente ou cerâmica e compósito de cimentação.
Conclusão: O conceito de biomimética na medicina dentária, é a devolução das propriedades
funcionais, mecânicas, e estéticas da estrutura dentária, através da utilização de materiais
que mimetizam as propriedades dos tecidos perdidos, e da sua integração com o
remanescente dentário, cumprindo assim o princípio biomimético. Abordagens
minimamente invasivas, visam conservar o máximo de estrutura dentária sadia, tentando
restringir as preparações ao esmalte, pois este tecido possui grande resistência, é
altamente mineralizado, constituído por cristais de hidroxiapatite, em que após o
condicionamento ácido irão formar-se micro cavidades, onde o adesivo irá infiltrar. Daí a
preocupação em sermos minimamente invasivos, mantendo as preparações dentárias só
em esmalte, pois assim a longevidade das restaurações será maior. A realização destes
tratamentos, só é possível hoje em dia, devido à grande evolução das técnicas de adesão, e
dos materiais restauradores.