TRATAMENTO INTERCETIVO DA MORDIDA CRUZADA ANTERIOR
Resumen
A má oclusão é um dos problemas dentários do qual nos deparamos imensas vezes, o seu
diagnóstico e tratamento precoce é, na maioria das vezes fundamental para a correção ou
minimização do mesmo, fazendo com que este não se agrave com o crescimento.
Objectivo
Analisar a proporção cervico-facial inferior na mordida cruzada dentária, funcional e esquelética
submetidas a tratamento intercetivo com destaque para as “rampas de compósito”.
Material e Métodos
Foram utilizadas fotografias intra-orais e do perfil facial de 7 crianças com idades compreendidas
entre os 4,5 e os 9 anos, com mordidas cruzadas anteriores dentárias (MCAD), funcionais (MCAF) e
esqueléticas (MCAE). Nas fotografias intra-orais foi realizada análise sagital e vertical. Nas do perfil
facial efetuou-se a análise dos tecidos moles antes (T0), depois da correção da mordida cruzada (T1)
e 1 ano após (T2), utilizando a relação da porção inferior da face de Legan para definir a tendência
da relação esquelética antes do tratamento (norma = 1,2). Valores superiores a 1,2 indicam uma
tendência a Classe II com rotação posterior/retrusão da mandíbula (relação com MCAD/MCAF) e
valores inferiores a 1,2 indicam uma tendência a Classe III com rotação anterior da mandíbula
(relação com MCAE). Nas MCAD/MCAF a terapêutica usada foi a rampa de compósito, quando
presente um overbite aumentado foi adicionado levantes de mordida posterior e quando os dentes
cruzados tinham um desnível nos incisivos foi auxiliada com um aparelho fixo seccional. Na MCAE
acentuada foi utilizada uma máscara facial e/ou rampa de compósito e braquetes.
Resultados
Em todos os casos a rampa em compósito mostrou-se eficaz na melhoria da MCA. Nos casos de
MCAD (caso 1 e 2), houve melhoria da oclusão essencialmente devido à correção com normalização
do torque dos incisivos superiores cruzados, que se encontravam retro-inclinados, associando-se
uma proporção facial de tendência de Classe II (rotação posterior da mandíbula). Na MCAF (caso 3),
houve um aumento da proporção facial devido à diminuição da distância sub-mandibular (causada
pela rotação posterior da mandíbula), por correção da componente funcional. Na MCAF/MCAD (caso
4) houve uma melhoria da oclusão devido à correção com normalização do torque dos incisivos
superiores cruzados, assim como, a rotação posterior da mandíbula, por correção da componente
funcional. Na MCAE, mas com retro-inclinação dos incisivos superiores (caso 5) verificou-se um
iv
aumento da altura facial inferior, passando de uma proporção de tendência a Classe III (rotação
anterior da mandíbula) para Classe I. No caso da MCAE com pro-inclinação dos incisivos superiores
(caso 6) a potenciação ortopédica de avanço da maxila por ação da máscara facial, ajudou a
melhoria da proporção facial. No caso de MCAE/MCAF em dentição decídua (caso 7) a rampa de
compósito foi utilizada para melhorar a componente funcional, melhorando a proporção facial,
aguardando-se a erupção dos permanentes.
Conclusão
A MCAD/MCAF (caso 1,2,3,4) associou-se a uma proporção cervico-facial aumentada (rotação
posterior da mandíbula), enquanto que a MCAE/MCAF (caso 5,6,7) a uma proporção diminuída
(rotação anterior da mandíbula). Em todos os casos estudados independentemente do tipo de MCA
o tratamento com rampa em compósito promoveu um aumento da dimensão vertical e consequente
rotação posterior da mandíbula, promovendo um agravamento da proporção cervico-facial na do
tipo MCAD/MCAF e uma melhoria na MCAE/MCAF.