DIAGNÓSTICO DE DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES Proposta de uma ficha de diagnóstico para a Clínica Universitária do IUCS
Resumo
Atualmente, as Disfunções Temporomandibulares (DTM) são consideradas uma das
principais causas de dor orofacial de origem não dentária, podendo adquirir caráter crónico e ter
um grande impacto na vida social e profissional do paciente.
É importante o médico dentista estar atento aos sinais e sintomas que caracterizam
estas disfunções para um diagnóstico precoce e, consequentemente, poder executar um bom
tratamento.
Assim como muitas outras disfunções musculoesqueléticos, o diagnóstico das DTM é
bastante complicado devido à falta de sinais objetivos, resultante em sistemas de classificação
baseados nos sintomas.
Em 1992, Dworkin e Le Resche desenvolveram um sistema que oferecia a padronização
da examinação, diagnóstico e classificação das DTM mais comuns – RDC/TMD (Research
Diagnostic Criteria for Temporolmandibular Disorders), mas este, apesar de contrastar com os
sistemas anteriores, e devido ao facto de ser constituído por um duplo eixo (eixo I – sintomas
físicos; eixo II – sintomas psicológicos), mostrou-se com uma validade reduzida e a sua
aplicação na prática clinica era bastante complexa, levando ao desenvolvimento de um novo
sistema de classificação em 2014, DC/TMD (Diagnostic Criteria for Temporomandibular
Disorders), aplicável na prática clínica.
Este sistema de duplo eixo veio revolucionar o diagnóstico deste tipo de disfunções por
considerar os fatores psicossociais, baseando-se no modelo biopsicossocial da dor que afirma
que a doença não é apenas um fenómeno biológico e que a sua evolução resulta da interação
entre fatores psicológicos e sociais com fatores biológicos.
Este sistema permite um tratamento mais eficaz pois, atualmente sabe-se que os
fatores psicossociais das DTM podem estar associados a elevados níveis de depressão,
ansiedade e stress interferindo com a qualidade de vida do paciente, podendo até influenciar a
modulação da dor do paciente.
O objetivo da minha Fundamentação Teórica do Relatório Final de Estágio é a
construção de uma ficha clínica para o diagnóstico das DTM, tendo em conta o modelo da dor
biopsicossocial e, com isso, introduzir os fatores psicológicos na avaliação clínica. Este é
constituído por exames que avaliam em primeiro lugar os fatores psicológicos do paciente, com
o objetivo de avaliar o eixo II e, tendo em conta estes resultados, executar o exame físico.