Traumatismos Dentários: Avaliação dos Conhecimentos de Pais e Professores

Abstract

Os traumatismos dentários são comuns em crianças e adolescentes e constituem um problema de saúde pública. Ocorrem em casa ou na escola, sendo, por isso, pertinente instruir os pais e professores acerca das atitudes imediatas a tomar no local de forma a prevenir ou minimizar futuras sequelas. As complicações incluem problemas funcionais, estéticos e psicológicos para a criança, e o prognóstico está dependente de condutas rápidas, o que raramente acontece pela falta de conhecimento dos responsáveis.

Objetivos: Avaliar o nível de conhecimento de pais e professores em relação às atitudes imediatas a tomar perante uma situação de traumatismo dentário.

Materiais e Métodos: Solicitação do preenchimento de um questionário a 110 professores e 605 pais de alunos de dois colégios do concelho de Santo Tirso, constituído por duas partes, a primeira referente a dados demográficos e a segunda composta por seis situações de escolha múltipla nas quais se pretendia avaliar quais seriam as suas condutas. No entanto, foram apenas validados 318 questionários. Após a recolha, foi feita a distribuição de panfletos informativos. Os dados foram analisados com recurso ao Microsoft Excel. A pesquisa bibliográfica foi realizada em bases de dados online, Guidelines da Associação Internacional de Traumatologia Dentária, e no livro de Andreasen “Textbook and Color Atlas of Traumatic injuries to the teeth”.

Resultados: Foram incluídos 266 pais e 52 professores, maioritariamente do sexo feminino, com formação superior. Na questão acerca da fratura de coroa, a maioria respondeu corretamente referindo procurar o fragmento, mas o meio mais escolhido para o seu transporte até à clínica foi a gaze. Quando confrontados com uma subluxação, os inquiridos responderam corretamente – recorrer ao Médico Dentista de imediato. Nas situações de luxação, grande parte escolheu não mexer no dente e conduzir a criança ao consultório médico-dentário, e, apenas uma minoria ponderou recolocar o dente no lugar. Quando deparados com um dente avulsionado, a generalidade dos inquiridos escolheu procurar o dente e tocar apenas na coroa. Relativamente à recolocação de um dente definitivo, apenas 23,3% referiu recolocar a peça dentária. Quanto à recolocação de um dente decíduo, a maioria dos inquiridos respondeu corretamente – não recolocar. O meio mais escolhido para o transporte do dente foi a gaze. No caso de recolocarem o dente avulsionado, a maioria referiu lavar com água sem esfregar, recolocar e dirigir-se ao consultório médico-dentário. Destes, 95% afirmou recolocar o dente de imediato. No caso de o dente avulsionado se encontrar na boca da criança, a maior parte dos inquiridos escolheu manter o dente onde estava e procurar o Médico Dentista. Relativamente à permanência em meio extra-oral, a maioria dos inquiridos respondeu corretamente – o mínimo de tempo possível.

Conclusão: Apesar das limitações deste estudo denota-se a existência de um baixo nível de conhecimento sobre a temática abordada, verificando-se que a maioria dos inquiridos não está habilitada a gerir adequadamente uma situação de traumatismo dentário. Neste sentido são necessárias estratégias que promovam o conhecimento de pais e professores, quer através de ações de sensibilização quer através de panfletos, posters ou mesmo com a inclusão deste tema no percurso académico dos professores