Caracterização dos cuidados de saúde oral nos pacientes no internamento da Unidade Local de Saúde da Guarda
Abstract
Actualmente é conhecida a importância da saúde oral na qualidade de vida, assim
como a relação entre a saúde oral e saúde geral, sendo essencial considerá-la como parte
integrante dos cuidados médicos. Um doente internado numa unidade hospitalar é um
doente imunocomprometido e, portanto, mais susceptível a complicações, tanto orais
como sistémicas, estando reunidas uma série de condições que levam a uma diminuição
das defesas locais, diminuição do fluxo salivar e aumento da colonização da orofaringe
por microrganismos com potencial patogénico.
O objectivo deste estudo foi caracterizar as práticas de cuidados orais efectuadas
pelos enfermeiros nos pacientes internados na Unidade Local de Saúde da Guarda, EPE
(ULS-Guarda), na qual se integra o Hospital Sousa Martins da Guarda (HSM-Guarda).
Complementarmente pretendeu-se caracterizar, alertar e consciencializar os enfermeiros
sobre a necessidade de formação específica em cuidados orais. Neste sentido, foi
realizado um estudo de tipo transversal através da aplicação de um inquérito por
questionário composto por 16 questões, o qual pretendia conhecer as práticas e
conhecimentos dos enfermeiros acerca dos cuidados orais. O estudo contou com a
participação de 101 enfermeiros, correspondendo a uma representatividade de 87,1% do
universo de 116 enfermeiros que exercem actividade nos serviços de internamento de:
Cirurgia Geral; Medicina; Pneumologia; Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC); e
Unidade de Cuidados Intensivos.
Os resultados obtidos evidenciam que, por um lado, 27,72% dos inquiridos
receberam formação específica em cuidados orais, 42,57% consideram os cuidados orais
de prioridade moderada e 88,12% julga m os protocolos de cuidados orais existentes
insuficientes. Por outro lado, as práticas registadas incluem: higienização oral efectuada 1
vez por turno (91,09%); uso de escova dentária (37,50%); complemento de higienização
com cloridrato de benzidamida (55,56%); hidratação da cavidade oral com água 1 vez por
turno (38,61%) e a cada 4 horas (33,66%); investigação durante a inspecção da cavidade
(lesões da mucosa oral, 19,21%); e reporte ao médico responsável (95,05%).
Assim, pode conclui-se que existe a necessidade de formação específica em
cuidados orais por parte dos enfermeiros e de investigações futuras com implementação
de protocolos de cuidados orais padronizados que contribuam como evidência científica
para a uniformização das práticas de cuidados orais nos serviços de internamento.