Manifestações Orais da Quimioterapia
Resumen
O cancro é uma doença que atinge a população mundial de forma crescente. Os avanços nos tratamentos, como a quimioterapia e a radioterapia, provocam um aumento nas hipóteses de sobrevivência. Segundo a literatura, cerca de 40% dos doentes oncológicos que são submetidos a tratamentos quimioterápicos apresentam manifestações na mucosa oral devido à toxicidade direta ou indireta. As manifestações mais comuns são mucosite, xerostomia, alterações do paladar, infeções bacterianas, fúngicas e víricas e hemorragias.
Objetivos: Este estudo tem como objetivo identificar as manifestações orais dos doentes oncológicos, portadores de leucemias e linfomas, submetidos a quimioterapia e relacioná-las com variáveis tais como sexo, idade, medicamento quimioterápico utilizado, dose e frequência da quimioterapia.
Materiais e métodos: Este estudo foi realizado no Centro Hospitalar do Porto (CHP), sendo que todos os doentes são seguidos no serviço de hematologia. Foram observados 30 doentes e cada um foi submetido a um questionário. Foram, ainda, registadas as informações relativas à doença oncológica e ao (s) agente (s) quimioterápico (s) utilizado (s) e observada a cavidade oral de cada doente.
Resultados e discussão: Dos 30 doentes observados, 11 (36.6%) não tinham qualquer manifestação oral causada pela quimioterapia. A xerostomia foi a manifestação mais frequente do tratamento, estando presente em 11 (36,6%) doentes. Mucosite, alteração de paladar e candidíase surgiram em 6 (20%) doentes. Já disfagia apareceu apenas em 2 (6,7%) doentes. Foi ainda observado 1 (3,3%) caso de queilite angular e 1 (3,3%) caso de hemorragia.
Conclusão: A xerostomia foi a manifestação mais encontrada, seguindo-se a mucosite, a candidíase e a alteração do paladar. Em menor percentagem, foram observados casos de disfagia, queilite angular e hemorragia. É importante o papel do médico dentista antes, no decorrer e após os tratamentos de quimioterapia, uma vez que uma boa higiene oral e uma cavidade oral livre de focos infeciosos concorrem para uma diminuição do aparecimento e gravidade das consequências da quimioterapia.