Impacto do desenvolvimento fetal no funcionamento neurocognitivo em adolescentes com cardiopatias congénitas cianóticas e acianóticas
Resumen
O objetivo deste estudo foi avaliar a performance neurocognitiva em adolescentes com cardiopatia congénita e determinar se os parâmetros de desenvolvimento fetal avaliados em recém-nascidos, tais como o perímetro cefálico, comprimento, peso e índices de Apgar, estão de alguma forma relacionados com o seu desempenho neurocognitivo.
Método: Foram avaliados 77 pacientes com Cardiopatia Congénita (43 homens) com idades compreendidas entre os 13 e 18 anos de idade (x= 15,04 ± 1,86), sendo que 46 são cianóticos. O grupo controle incluiu 16 crianças saudáveis (11 homens) com idades entre 13 e 18 anos (x= 15,69 ± 1,44). Os testes neuropsicológicos selecionados foram administrados a ambos os grupos, envolvendo uma ampla gama de funções neurocognitivas, como a memória a curto prazo (verbal e visuo-construtiva), memória de trabalho, velocidade de processamento, atenção (dividida e seletiva) e planeamento.
Resultados: Pacientes coronários em comparação ao grupo controlo apresentaram resultados inferiores na totalidade das provas, exceto na prova Memória Lógica. Os pacientes com CIV quando comparados com os pacientes com TF e TGA, apresentaram melhores resultados em todas as provas neuropsicológicas, embora as únicas diferenças significativas foram na prova FCRc (F=4,936; p=.010). Diversas correlações eram aparentes entre os parâmetros fetais/neonatais e as capacidades neuropsicológicas nos diferentes subgrupos de cardiopatias. No entanto, a principal correlação verifica-se entre o perímetro cefálico e as provas Dígitos Diretos (rho=.339; p=.011), Figura Complexa de Rey (rho=.297; p=.027), Stroop Interferências (rho=.283; p=.036) e Trail Making Test (rho=-.321; p=.017).
Conclusão: Adolescentes com cardiopatia congénita apresentam um pior desempenho neuropsicológico comparativamente ao grupo controlo, principalmente os pacientes cianóticos (TF e TGA). A circulação fetal parece ter um forte impacto sobre o crescimento cerebral e somático, prevendo um comprometimento cognitivo em adolescentes com cardiopatias congénitas.