Estudo clínico epidemiológico de quistos e tumores odontogénicos numa população hospitalar
Resumen
Os quistos e tumores maxilares, em particular os odontogénicos, representam um conjunto de patologias que surgem na cavidade oral sob variadas manifestações clinicas e imagiológicas. Podem conduzir a graves sequelas, desde deformações faciais até transformação maligna. O estudo retrospetivo realizado estudou as características clinico epidemiológicas dos Quistos e Tumores Odontogénicos e o impacto dos queratoquistos nos Tumores Odontogénicos, segundo a classificação da OMS de 2005. Selecionaram-se processos clínicos, compreendidos entre 1988 e 2006, com diagnóstico histológico de quisto ou tumor odontogénico do Hospital Geral de Santo António – Porto. Foram recolhidos dados sobre idade, sexo, hábitos, localização, diagnóstico clínico e anatomo-patológico, sintomatologia e evolução das lesões. Os dados foram analisados por SPSS com nível de significância de p˂0,05. A amostra consistiu em 400 doentes e 436 lesões. Obtiveram-se 341 Quistos Odontogénicos (78,2%), e 95 Tumores Odontogénicos (21,8%), os Tumores Odontogénicos Queratoquísticos representam 13,1% destes tumores (n=57). As patologias mais frequentemente diagnosticadas foram: Quisto Odontogénico Radicular (50,9%), Quisto Odontogénico Dentígero (17,7%), Tumor Odontogénico Queratoquístico (13,1%), Quisto Odontogénico Residual (8,0%) e Ameloblastoma (3,7%). O género masculino foi o mais afetado (56,2%), tal como a 3ª e 4ª década de vida (49,3%). A localização preferencial destas lesões foi a maxila (55,7%) e a região mais prevalente a posterior (50,5%). Regra geral a tumefação (52,1%) é a principal manifestação clínica que leva o doente a procurar ajuda médica, embora muitos casos resultem de achados radiográficos ocasionais (31,7%). Maioritariamente registaram-se lesões uniloculares, embora 5,3% fossem radiograficamente multiloculares. A enucleação com curetagem (98,2%) foi a terapêutica cirúrgica mais utilizada. O estudo de evolução da lesão é importante porque muitas destas lesões recidivam, na amostra 6,9% recidivaram e 2,3% surgiram em nova localização. O trabalho apresentado revela uma dificuldade grande por parte dos clínicos em diagnosticar casos de Tumores Odontogénicos, o que confere ainda mais ênfase ao resultado anátomo-patológico, sendo que o diagnóstico final deve resultar da tríade: clínica, imagiologia e histologia e desta forma proceder à resolução do problema do doente de forma coerente e eficaz.