Enantioselective Ecotoxicity of Psychotropic Pharmaceuticals and Illicit Drugs

Abstract

Cada vez mais o consumo de farmacos e de substâncias ilícitas têm vindo a aumentar. Subsequente deste aumento do consumo, aumentam também as descargas destas substâncias para o meio ambiente, quer pela excreção após consumo, quer pelo mau descarte de excedentes e produtos vencidos. Cerca de 56% destes farmacos e drogas ilícitas são quirais, existindo na forma racémica (enantiomeros no rácio 1:1) e na forma enantiomericamente pura. É então, necessário perceber o impacto que estas substâncias, pseudo-persistentes, têm na fauna aquática. Neste trabalho foram realizados ensaios ecotoxicológicos, de acordo com as normas nacionais e internacionais (ISO, OCDE), com vista a avaliar o efeito da cetamina (K), do seu metabolito norcetamina (NK), e respetivos enantiomeros, da anfetamina (AMP), da metanfetamina (MAMP) e da metilenodioximetamfetamina (MDMA) em três organismos aquáticos, ecologicamente relevantes, em diferentes concentrações. Foram utilizados o peixe Danio rerio (peixe zebra), o crustáceo Daphnia magna e o protozoário Tetrahymena thermophila, e foram avaliados os seguintes parâmetros: mortalidade, malformações, comprimento, avaliação do comportamento e analise do stress oxidativo para o peixe zebra, percentagem de mortalidade/ imobilização para a D.magna e a percentagem da inibição do comportamento para o T. thermophila. (R)-K apresenta maior percentagem de mortalidade e malformações, no peixe zebra, em ralação a (S)-K, mostrando a possibilidade de existência de enantiosseletividade. Ambos enantiomeros da K induziram maior percentagem de mortalidade/ imobilização do que os enantiomeros da NK na D.magna e a MAMP induziu 80% mortalidade, sendo a substância ilícita mais toxica das substâncias testadas. Em relação ao T. thermophila foi o enantiómero (S)-NK o mais toxico e a MAMP induziu 70% de inibição de crescimento. Estes resultados evidenciam a diferente suscetibilidade dos organismos testados para a mesma substância, e a existência da enantiosseletividade realçando a importância dos ensaios ecotoxicológicos em diferentes organismos testando quer as formas racémicas quer os enantiomeros separadamente