Incidência de fraturas maxilo-faciais em casos de violência nas relações de intimidade
Abstract
A violência doméstica constitui não só um problema que perturba o bem-estar
individual, familiar e a inserção social das vítimas, como aliás, é considerada um crime
público e que deve ser denunciado. Integrada neste conceito, a violência nas relações de
intimidade tem vindo a tornar-se mais incidente e tendencionalmente mais grave com o
tempo. Em virtude deste aumento, este estudo tem por objetivo determinar qual a
incidência de fraturas maxilo-faciais em vítimas de violência nas relações de intimidade.
Este estudo tem como população alvo vítimas de violência nas relações de intimidade,
com idade igual ou superior a 18 anos, da região norte de Portugal, que constem da base
de dados do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I.P, nos anos de
2011 e 2012 e em que o agressor pertença ao círculo íntimo da vítima. Para o efeito
foram utilizados formulários para recolha dos dados. Através da observação e análise de
2472 casos recolheram-se e registaram-se os dados num formulário. Assim, foi possível
constatar que 83 % das vítimas são mulheres e que o intervalo de idades em que se
verifica uma maior percentagem de vítimas de violência situa-se entre os 36 e 44 anos.
Verificou-se também que em mais de metade das queixas apresentadas no Instituto
Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I.P as vítimas não se dirigiram ao
hospital. Das vítimas que se dirigiram ao hospital e realizaram exames imagiológicos,
verificou-se que 18 delas apresentaram fratura maxilo-facial, sendo o osso nasal o mais
comumente fraturado. Por fim, através das variáveis em estudo pode-se concluir que a
violência intrafamiliar não ocorre de forma tão violenta, a ponto de provocar danos
físicos graves, como a fratura.