Identificação da refratariedade plaquetária em recém-nascidos
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Date
2013Auteur
Silva, Angelina Maria Saraiva Vieira da
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A trombocitopenia neonatal aloimune (TNAI) é a causa mais comum de
trombocitopenia isolada no recém-nascido saudável, com uma incidência que
varia entre 1:2000 a 1:3000 nados vivos, devendo-se à destruição das
plaquetas fetais/neonatais induzida por aloanticorpos plaquetários maternos
dirigidos contra antigénios plaquetários fetais herdados do pai, ocorrendo, no
entanto, na primeira gravidez, em mais de 50% dos casos1.
O tratamento desta identidade clínica passa na maior parte dos casos
pelo recurso à transfusão de componentes sanguíneos plaquetários, o controlo
da eficácia do procedimento transfusional fica restrito à avaliação do médico
assistente, e na grande maioria dos recém-nascidos observa-se que
desenvolvem refratariedade plaquetária.
Em termos laboratoriais, o controlo de transfusão de plaquetas é feito
pelo cálculo do incremento corrigido da contagem (ICC) ou da percentagem de
recuperação plaquetária pós-transfusão (RPP), prática raramente observada
nos serviços de Imunohemoterapia.
Para o cálculo do ICC e RPP utilizam-se as seguintes fórmulas:
ICC= (Nº Plaquetas Pós-transfusão – Nº Plaquetas Pré-transfusão) X 1011 x SC (m2)
Nº Plaquetas x1011
RPP (%)= (Nº Plaquetas Pós-transfusão – Nº Plaquetas Pré-transfusão) x1011 x VS (mL)
Nº Plaquetas x1011
Quando o incremento é insatisfatório, o recém-nascido é denominado
como “refratário” à transfusão de plaquetas.
De forma geral, a refratariedade é definida de acordo com os valores do
incremento corrigido com 10-60 minutos e com 18-24 horas após a transfusão
e devem ser iguais ou inferiores a 5.000 e 2500 plaqueta/μL, respetivamente.
Os valores que indicam refratariedade apresentam percentagem de RPP
menor que 20% até uma hora ou menor que 10% com 16 horas. Enquanto a
contagem de plaquetas uma hora após a transfusão avalia, principalmente, a
ii
resposta imediata à transfusão, a contagem com 24 horas monitoriza a
sobrevida das plaquetas.2
A definição do limiar de refratariedade à transfusão de plaquetas com
base no ICC e no RPP é muito útil, desde que os resultados sejam bem
interpretados. No contexto clínico, é considerado importante o aumento maior
ou igual a 20% no ICC (5×109 plaquetas/L com uma hora e 2,4×109 plaquetas/L
com 24 horas) e no intervalo até próxima transfusão (≥8,4 horas).2
Se o ICC (com colheita após uma hora da transfusão) for inferior a
5000/μL no mínimo após dois eventos transfusionais, considera-se que a
transfusão foi ineficaz e o paciente apresenta refratariedade plaquetária de
causa imune e, se estamos na presença de aloanticorpos plaquetários, sendo
considerado de importância clínica e o causador de ineficácia à transfusão de
plaquetas.
Se o ICC (com colheita após uma hora de transfusão) for superior ou
igual a 5.000/μL considera-se a transfusão eficaz e o paciente sem
refratariedade plaquetária de causa imune, independente da presença ou não
de anticorpos. Se o anticorpo estiver presente, não manifestou importância
clínica para a transfusão.