Desenvolvimento de micro e nanopartículas para o encapsulamento de EGCG: estudo exploratório
Abstract
O chá verde é produzido a partir das folhas da planta Camellia sinensis, e tem
sido associado a muitos benefícios na saúde, incluindo a prevenção e tratamento de
patologias como cancro, obesidade, diabetes, infeções bacterianas e virais, entre
outras. Muitos dos efeitos benéficos do chá verde estão relacionados com a atividade
das suas catequinas, nomeadamente a (-)-epigalocatequina galato (EGCG), que é um
dos seus principais componentes. Há cerca de 20 anos, que se desenvolvem estudos
para revelar as atividades biológicas e mecanismos de ação do chá verde e do EGCG.
Sabe-se que muitos dos potenciais efeitos do EGCG têm sido fortemente limitados
devido à sua baixa biodisponibilidade e estabilidade, o que dificulta o desenvolvimento
de aplicações nutracêuticas ou terapêuticas.
Neste sentido, no presente estudo pretendeu-se encapsular o composto EGCG
de forma a torna-lo mais biodisponível e estável. Devido ao facto de este composto
não apresentar uma solubilidade total em água, foram abordados dois métodos
distintos de encapsulação. Por um lado, foram desenvolvidas várias formulações de
micropartículas de isolado proteico de soja (IPS) e alginato pelo método de
emulsificação/gelificação; e por outro, foram desenvolvidas nanopartículas de lípidos
sólidos (NLS) pelo método da dupla emulsão.
Como resultado do estudo da encapsulação do EGCG em micropartículas de
IPS/alginato obtiveram-se partículas com tamanhos pequenos (entre 16,34 e
24,21µm), com uma boa eficiência de encapsulação (entre 62,41 e 99,72), no entanto,
não foi possível avaliar a sua atividade antioxidante. Por sua vez, como resultado da
encapsulação do EGCG em NLS conclui-se que nas condições estudadas não foi
possível obter-se nanopartículas, mas sim partículas na gama dos micrometros (entre
913,8 ± e 1488,4 nm) no entanto, obtiveram-se partículas com uma boa eficiência de
encapsulação (entre 90,06 e 95,58%) e com uma boa capacidade antioxidante (entre
91,01 e 97,02%).
Foi desenvolvido e validado um método de cromatografia líquida de alta
eficiência, para quantificação de EGCG de forma a permitir a aplicação em estudos de
formulação, estabilidade e mesmo farmacocinéticos e farmacodinâmicos.
Por fim, foi possível concluir que os dois métodos estudados apresentaram
resultados promissores para o encapsulamento do EGCG. No entanto, é importante
salientar que este estudo foi exploratório, sendo necessário o desenvolvimento de
estudos adicionais de forma a garantir que esta linha de estudo é efetivamente
eficiente para encapsulação, estabilização e entrega do composto.