A influência de variáveis Psicossociais e Clínicas em Doentes Adultos com Cardiopatia Congénita
Resumo
Introdução: As CC são anomalias do desenvolvimento do coração e/ou dos grandes vasos sanguíneos (Karsdorp, Everaerd, kindt & Mulder, 2007) que afetam cerca de 1% da população mundial (Ailes et al., 2014; Van Velzen et al, 2016). O avanço da medicina permitiu a estes doentes viver mais anos e com mais qualidade de vida, assim estima-se que 90% dos doentes atingem a idade adulta (Stout et al., 2019). Por isso, é necessário que se atualize de forma constante o conhecimento sobre os parâmetros relevantes para desenvolver estratégias clínicas com estes doentes.
Objetivo: A investigação que integra esta tese está inserida na participação portuguesa do APPROACH-IS II (Assessment of Patient-reported Outcomes in Adults with Congenital Heart disease – International Study II – Avaliação de padrões de resultados relatados pelos pacientes em adultos com cardiopatia congénita – Estudo internacional II) cujo principal objetivo é compreender os resultados e as expectativas dos doentes com CC, e assim melhorar a prestação dos seus cuidados de saúde e, para ela, selecionamos algumas variáveis das partes 1 (o distúrbio psicológico, a perceção do estado de saúde e de estigma, a atitude em relação à identidade da doença, e o envolvimento parental) e 2 (o funcionamento cognitivo, o fenótipo de fragilidade e as comorbilidades). Para o efeito do nosso estudo, só consideramos doentes com idade igual ou superior a 40 anos, para os quais foi recolhida informação das variáveis que referimos.
Métodos: A amostra foi constituída por 40 participantes com diagnóstico de CC com idades compreendidas entre os 40 e os 80 anos (M= 52; DP= 10.11). Para a recolha de dados, foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação: RAND-12 (Versão adaptada do RAND-36 Health Survey) e Linear Analogue Scale Health Status (LAS HS); Patient Health Questionnaire (PHQ-8) e o General Anxiety Disorder (GAD-7); Chronic Illness Stigma Scale (CISS); Illness Identity Questionnaire (IIQ); Versão adaptada do Multidimensional Scale of Perceived Social Support (MPSS); Montreal Cognitive Assessment (MoCA); o Charlson Comorbidity Index (CCI), o NYWHA e o Fenótipo de fragilidade de Fried. Para o tratamento estatístico, foram utilizados o teste de U de Mann-Whitney, o teste Kruskal-Wallis, e a correlação de Spearman.
Resultados: Verificamos que o funcionamento cognitivo dos doentes com cardiopatias é globalmente mais baixo do que a população portuguesa sendo também mais baixo o desempenho nos diferentes domínios. O funcionamento cognitivo correlaciona-se de modo positivo com a “fraqueza/diminuição de força muscular” de forma estatisticamente significativa (r = .433; p = .007).
Discussão/Conclusão: Neste estudo, concluímos que doentes adultos com CC têm uma evolução cognitiva desfavorável em relação à população normal. Introduction: CHD are developmental anomalies of the heart and/or large blood vessels (Karsdorp, Everaerd, kindt & Mulder, 2007) that affect about 1% of the world population (Ailes et al., 2014; Van Velzen et al, 2016). Medical advances have allowed these patients to live longer years and with more quality of life, thus it is estimated that 90% of patients reach adulthood (Stout et al., 2019). Therefore, it is necessary to constantly update the knowledge about the relevant parameters to develop clinical strategies with these patients.
Objective: The research that forms part of this thesis is part of the Portuguese participation in APPROACH-IS II (Assessment of Patient-reported Outcomes in Adults with Congenital Heart disease – Internation Study II – Assessment of patterns of outcomes reported by patients in adults with congenital heart disease – International study II) whose main objective is to understand the results and expectations of patients with CC, and thus improve the provision of their health care and, for this purpose, we selected some variables from parts 1 (psychological disorder, perception of health status and stigma, attitude towards the identity of the disease, and parental involvement) and 2 (cognitive functioning, frailty phenotype and comorbidities). For the purposes of our study, we only considered patients aged 40 years or over, for whom information on the variables we mentioned was collected.
Methods: The sample consisted of 40 participants diagnosed with CHD aged between 40 and 80 years (M= 52; SD= 10.11). The following assessment instruments were used for data collection: RAND-12 (adapted version of the RAND-36 Health Survey) and Linear Analogue Scale Health Status (LAS HS); Patient Health Questionnaire (PHQ-8) and the General Anxiety Disorder (GAD-7); Chronic Illness Stigma Scale (CISS); Illness Identity Questionnaire (IIQ); Adapted version of the Multidimensional Scale of Perceived Social Support (MPSS); Montreal Cognitive Assessment (MoCA); the Charlson Comorbidity Index (CCI), the NYWHA and Fried's Frailty Phenotype. Mann-Whitney's U-test, Kruskal-Wallis test, and Spearman's correlation were used for statistical treatment.
Results: We found that the cognitive functioning of patients with heart diseases is globally lower than that of the portuguese population, and their performance in the different domains is also lower. Cognitive functioning correlates positively with "weakness/decrease in muscle strength" in a statistically significant way (r = .433; p = .007).
Discussion/Conclusion: In this study, we conclude that adult patients with CHD have an unfavorable cognitive outcome compared to the normal population.