Inventário de Atividades da Vida Diária: Propriedades Psicométricas numa amostra de pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Resumen
Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade, comprometendo frequentemente o desempenho nas atividades da vida diária (AVD). O Inventário de Atividades da Vida Diária (ADLI) avalia as AVD básicas (ABVD), instrumentais (AIVD) e avançadas (AAVD), mas as suas propriedades psicométricas não foram previamente examinadas em indivíduos após AVC. Este estudo teve como objetivo avaliar as propriedades psicométricas do ADLI em participantes com AVC, com foco na aceitabilidade, consistência interna, validade convergente, divergente e de critério.
Método: O estudo incluiu 99 participantes, 30 com AVC subagudo e 18 com AVC crónico, recrutados em ambientes comunitários, num centro de reabilitação e numa unidade hospitalar. Os participantes responderam a uma entrevista semiestruturada e a um protocolo de avaliação neuropsicológica, que incluiu o Addenbrooke’s Cognitive Examination para o rastreio neurocognitivo, o Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) para avaliar a sintomatologia depressiva, o ADLI, o Índice de Barthel, a Escala de Lawton e Brody para avaliar a funcionalidade nas AVD e o Inventário de reserva Sensorial, Emocional e Cognitiva.
Resultados: O ADLI mostrou indicadores psicométricos satisfatórios de aceitabilidade, consistência interna, validade convergente entre as escalas ABVD e AIVD e instrumentos reconhecidos de avaliação destas capacidades, validade divergente entre a escala de ABVD e o PHQ-9 e validade de critério dos resultados totais da versão de autorrelato do ADLI para discriminar entre o grupo AVC e o grupo de controlo. As pontuações do ADLI correlacionaram-se com o desempenho cognitivo e com a reserva emocional, cognitiva e total.
Conclusão: Os resultados obtidos suportam o ADLI como uma ferramenta útil para avaliação da funcionalidade após AVC. As principais limitações deste estudo consistem na reduzida dimensão amostral e na ausência de dados clínicos detalhados sobre a gravidade e localização da lesão. Recomenda-se a realização de estudos longitudinais com recurso a um protocolo de avaliação neuropsicológica multidimensional, como o aplicado nesta investigação, para compreender melhor a recuperação funcional após AVC. Introduction: Stroke (CVA) is one of the leading causes of disability, frequently impairing performance in activities of daily living (ADL). The Activities of Daily Living Inventory (ADLI) assesses basic (BADL), instrumental (IADL), and advanced (AADL) activities of daily living, but its psychometric properties have not been previously examined in post-stroke individuals. This study aimed to evaluate the psychometric properties of the ADLI in stroke participants, focusing on acceptability, internal consistency, convergent, divergent, and criterion validity.
Method: The study included 99 participants: 30 with subacute stroke and 18 with chronic stroke, recruited from community settings, a rehabilitation center, and a hospital unit. Participants completed a semi-structured interview and a neuropsychological assessment protocol, which included the Addenbrooke's Cognitive Examination for neurocognitive screening, the Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) for assessing depressive symptoms, the ADLI, the Barthel Index, the Lawton and Brody Scale for assessing ADL functioning, and the Sensory, Emotional, and Cognitive Reserve Inventory.
Results: The ADLI demonstrated satisfactory psychometric indicators of acceptability, internal consistency, convergent validity between the BADL and IADL scales and recognized assessment instruments, divergent validity between the BADL scale and the PHQ-9, and criterion-related validity of the total scores of the self-report version of the ADLI for discriminating between the stroke group and the control group. ADLI scores correlated with cognitive performance and emotional, cognitive, and total reserve.
Conclusion: The results support the ADLI as a useful tool for assessing post-stroke functioning. The main limitations of this study are the small sample size and the lack of detailed clinical data on lesion severity and location. Longitudinal studies using a multidimensional neuropsychological assessment protocol, as applied in this study, are recommended to better understand functional recovery after stroke.