Análise morfométrica de Foramen Mentoneano numa população portuguesa do distrito do Porto
Résumé
Introdução: As sequelas relacionadas com a colocação de implantes dentários e
enxertos ósseos são o resultado de danos provocados em estruturas anatómicas. A
região anterior da mandíbula, entre ambos os foramens mentoneanos é muito utilizada
para este tipo de cirurgias. A distância interforamen mentoneana está directamente
relacionada com o número máximo de implantes que se podem colocar e a máxima
quantidade de osso que pode ser colhida nesta zona da mandíbula. O conhecimento da
anatomia e a possível localização do foramen mentoneano é crucial para o sucesso dos
nossos tratamentos de modo a diminuir a possibilidade de causar danos permanentes nos
nossos doentes.
Métodos: Análises morfométricas foram realizadas em 108 radiografias panorâmicas de
66 mulheres e 42 homens. A amostra é referente a indivíduos entre os 11 e os 75 anos.
Foram feitas medições considerando a localização do foramen mentoneano em relação a
estruturas anatómicas conhecidas em ambos os lados da mandíbula: distância do bordo
inferior da mandíbula ao foramen mentoneano no 4º e 3º quadrantes (DBi4 e DBi3),
distância da crista alveolar ao foramen mentoneano no 4º e 3º quadrantes (DBa4 e
DBa3), distância do bordo posterior da mandíbula ao foramen mentoneano no 4º e 3º
quadrantes (DBf4 e DBf3) e a distância entre ambos os foramens mentoneanos (DI). Foi
também medida a distância intercondilar (DIC) e considerada a presença ou ausência de
peças dentárias na mandíbula.
Resultados: Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre
homens e mulheres. A DBa4 e DBa3 foram a única correlação existente com a idade
(correlação negativa) e também a única correlação com o número de dentes em cada
lado da mandíbula (correlação positiva). Somente a DBf4 e DBf3 foram assimétricas, com
diferença estatisticamente significativa entre elas, o lado direito teve valores mais
elevados que o esquerdo. Todas as medidas tiveram correlação positiva com a DIC. A
distância media da DI foi de 51,9 ± 8,8 mm, da DIC foi de 194,4 ± 17,8 mm, da DBi4 foi de
13,7 ± 2,8 mm, da DBi3 foi de 14,3 ± 3,6 mm, da DBa4 foi de 17,6 ± 4,2 mm, da DBa3 foi
de 17,9 ± 4,0 mm, da DBf4 foi de 72,3 ± 7,1 mm e da DBf3 foi de 70,2 ± 7,3 mm.
Conclusão: A anatomia tem de ser cuidadosamente avaliada antes de qualquer
tratamento que envolva a região da mandíbula devido a variações consideráveis entre os
diversos indivíduos, de modo a prevenir danos em nas estruturas anatómicas vizinhas e
sequelas neurossensoriais permanentes.