Factores de risco e protecção na vitimação em contexto escolar
Resumo
O presente estudo tem como principais objectivos analisar a dimensão e as
tipologias da violência escolar e sua diferenciação em função de variáveis
socio-demográficas, bem como a análise dos factores de risco e protecção
subjacentes à vítima.
Este estudo empírico contou com uma amostra de 425 alunos de uma escola
básica do Grande Porto, sendo 49,2 % do sexo masculino (N=290), e 49,2%
do sexo feminino (N=290), avaliados por 3 instrumentos, nomeadamente o
Questionário de Factores de Risco (QFR), o Questionário de Avaliação da
violência na escola e nos tempos livres (CEVEO), e pelo Questionário de
Personalidade para crianças e jovens (EPQ-J).
No estudo, foi verificado que 68% da amostra sofre, ou já sofreu situações de
agressão, tendo-se constatado que a vitimação ocorre na sua maioria sob a
forma de exclusão nomeadamente, através dos actos de ignorar, e do
impedimento de participar em actividades com o grupo de pares, e a segunda
mais verificada, foi a agressão verbal através do insulto
A terceira agressão mais aferida foi a física, através do pontapear, e a
agressão que surge como sendo a menos frequente, é a agressão de carácter
sexual em que uma percentagem muito reduzida referiu ter sido alvo de frases,
insultos ou atitudes de carácter sexual.
Relativamente às hipóteses formuladas não houve diferenças no que diz
respeito às variáveis sócio-demográficas. Quanto aos factores de risco
constatou-se que as vitimas percepcionam o ambiente escolar como sendo
negativo, apresentando dificuldades em serem aceites pelo grupo de pares. No
que diz respeito à família, verificou-se que as vítimas apresentam um fraco
suporte afectivo, assim como uma supervisão parental diminuída.
Constatou-se também, que as vitimas consideram que o comportamento
agressivo favorece os agressores, nomeadamente no estatuto que adquirem
junto dos colegas sendo desta forma reconhecidos como sendo os mais
“fortes” e “populares”.