Atendimento em cuidados paliativos pediátricos: a perspectiva dos profissionais de saúde - enfermeiros
Resumo
Apesar da evolução da medicina, a verdade é que continuam a existir situações
clínicas para as quais os novos meios e as novas técnicas médicas não conseguem
fornecer a resposta desejada, acabando por culminar com a morte do individuo. Tais
acontecimentos verificam-se não só na idade adulta, mas também numa população mais
jovem.
A notícia de uma doença numa criança é por si só um acontecimento muito
stressante para a família, tornando-se ainda mais dramático quando em simultâneo essa
noticia é acompanhada por um mau prognóstico, uma vez que a doença grave constitui
uma “surpresa dolorosa”, um golpe difícil de suportar que irá pôr à prova todos os
valores em que a família se baseia, a solidez dos laços afectivos entre os seus membros,
a união e a solidariedade entre todos.
Em simultâneo, é também um acontecimento stressante e “indesejado” para os
profissionais de saúde uma vez que estes se deparam com uma falta de treino que lhes
permita lidar mais “tranquilamente” com estes acontecimentos. Ou seja, os profissionais
de saúde são “treinados” para tratar/curar/salvar vidas, esquecendo-se um pouco que
nem sempre se verifica viável a “salvação” de um paciente.
Neste sentido, nas situações de fim de vida/ameaça de vida o apoio dos
profissionais de saúde deixa de ter como principal objectivo a cura da doença, passando
a centrar-se essencialmente na qualidade de vida das crianças doentes através da
prevenção e alívio do sofrimento, bem como num apoio constante à família. Este tipo de
cuidados são nomeados como Cuidados Paliativos Pediátricos e apresentam um papel
preponderante no acompanhamento destas crianças e famílias
A presente investigação encontra-se integrada numa linha de investigação e tem
como objectivo realizar um levantamento de informação sobre a implementação de
Cuidados Paliativos Pediátricos e perspectivas e necessidades sentidas, junto dos
enfermeiros que exercem as suas funções em hospitais na área do Grande Porto e
Minho.
Desenvolveu-se um estudo de natureza exploratória, recorrendo à utilização de
um questionário traduzido e adaptado, que permitisse recolher os dados pretendidos.
Os resultados obtidos permitem perceber a noção que os profissionais de saúde
possuem relativamente à temática em estudo, corroborando a informação já existente. Ou seja, Portugal ainda não possui estruturas, nem estratégias, que permitam
realizar a prestação de cuidados paliativos pediátricos.
Além desta falta de estruturas e meios, constatamos ainda que não existem
equipas especializadas na prestação deste tipo de cuidados, nem tão pouco são
fornecidos conhecimentos, formação e treino aos profissionais para que estes lidem de
forma mais adaptada com as situações de ameaça de vida.
Os resultados obtidos pretendem contribuir para a melhor compreensão da
realidade vivenciada em relação aos CPP, na esperança que possam influenciar e
proporcionar uma base para novas pesquisas neste âmbito.