Expressão e rearranjo do gene TCRB em linfócitos NK
Abstract
Os linfócitos NK são linfócitos grandes granulares, de curta duração originados
a partir da linhagem linfóide, actualmente considera-se que não apresentam rearranjos
do gene do receptor dos linfócitos T (TCR) ou o complexo TCR-CD3 completamente
formado e expressam os receptores CD16 e CD56 (1, 2). Estes linfócitos medeiam
funções essenciais na imunidade inata através da destruição directa, sem estimulação
prévia, de células infectadas por vírus e células malignas. Adicionalmente, também
introduzem a destruição indirecta, após estimulação, através do recrutamento de outros
elementos do sistema imunológico e da libertação de factores solúveis, como as
citocinas e quimiocinas. Assim, os linfócitos NK participam tanto no sistema
imunológico inato como no adaptativo e são considerados como a interface entre os dois
sistemas (3, 4).
Ao contrário dos linfócitos T, os linfócitos NK não apresentam um gene único
que permita a sua definição. No entanto, apesar dos genes do TCR não serem expressos
produtivamente, existem diversos antigénios e semelhanças funcionais partilhadas com
os linfócitos T, sugerindo que poderão estar relacionados e mediar funções comuns. Em
particular, foi demonstrado que para além do FcRI e CD3, os linfócitos NK humanos
poderão expressar outras subunidades do complexo TCR-CD3, como CD3, CD3, e
CD3 (5).
Estas semelhanças levaram a formular a hipótese de que os linfócitos T e NK
poderão estar relacionados e que poderão partilhar um progenitor comum.
No seguimento destes estudos e da evidência de que, in vitro, a IL-15 induz a
sobrevivência e diferenciação dos linfócitos T, verificada através da percentagem de
linfócitos T CD8+ que adquiriram marcadores dos linfócitos NK (6), este trabalho teve
como objectivo investigar a expressão do gene TCR e os rearranjos deste gene a nível
de DNA, em linfócitos NK isolados ex vivo, de dadores saudáveis.
Após a obtenção de linfócitos NK de elevada pureza isolados ex vivo, por
técnicas imunomagnéticas, os resultados demonstraram a expressão de mRNA do gene
TCR, visualizando-se, após PCR, uma banda com tamanho igual (139 pb) ao segmento
do gene TCR, em todas as experiências realizadas (n=5). Através da sequenciação do
segmento do gene amplificado, confirmou-se que correspondia ao segmento do cDNA
do gene TCRβ.