Características psicométricas da versão portuguesa da escala de qualidade de vida para o acidente vascular cerebral (ECVI-38)
Abstract
Actualmente assume-se que a qualidade de vida (QV) tem particular importância para os serviços de saúde e é uma dimensão chave na avaliação das sequelas do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Contudo, são escassos os instrumentos disponíveis para a população portuguesa. O objectivo do presente trabalho é validae a versão portuguesa da escala de Evaluación de Cualidad de Vida para el Ictus (ECVI-38) e determinar a aceitabilidade, a validade constructo e a validade critério. A amostra foi constituída por 51 indivíduos com historial de AVC (2 meses a 2 anos de evolução), provenientes da consulta externa de duas instituições de saúde. Foram excluídos do estudo doentes com patologia neuropsiquiátrica, ou outra condição de saúde que pudesse interferir na QV. Paralelamente à aplicação da ECVI-38 foram aplicadas as seguintes provas: Índice de Barthel; Escala de Actividades Instrumentais de Vida Diária de Lawton e Brody; Hospital Anxiety and Depression Scale; Montreal Cognitive Assessment; National Institute of Health Stroke Scale. A perda de dados nos diferentes itens situou-se abaixo dos 10% e os efeitos piso e tecto abaixo dos 80%. O alfa de Chronbach para o total da escala foi de 0,94 e os valores para os oito domínios compreendidos entre 0,7 e 0,97. Obtiveram-se correlações significativas entre os oito domínios e o total da ECVI-38. Os resultados obtidos na escala permitem distinguir de forma significativa os indivíduos de acordo com o grau de afectação neurológica. Todos os domínios da ECVI-38 apresentam correlações significativas com instrumentos de conteúdo similar. A versão portuguesa da ECVI-38 apresenta boas características psicométricas, nomeadamente boa aceitabilidade, boa validade de constructo e critério. Resta determinar a fiabilidade (confiabilidade teste-reteste) e sensibilidade à mudança.