A utilização do brinquedo terapêutico na preparação de crianças com idade pré-escolar para punção venosa
Abstract
Esta pesquisa foi realizada com o intuito de investigar os benefícios da utilização do Brinquedo Terapêutico (efeito sobre ansiedade e limiar de dor) na explicação do acto de puncionar em crianças dos três aos seis anos. E, se possível, tentar criar um protocolo, de forma a eliminar ou diminuir o desconforto psicológico e físico experimentados pelas crianças, nesse mesmo acto. A motivação para este estudo deveu-se ao facto de ser uma prática comum a observação do comportamento de crianças hospitalizadas, durante o internamento, e de facilmente se presenciar o quanto é ameaçador sair do seu ambiente familiar para outro completamente desconhecido. De um momento para o outro, têm de enfrentar, para além do problema de saúde que os levou a ficarem internados, pessoas estranhas e procedimentos dolorosos, tais como a punção venosa. Tudo isto desenvolve, na criança, uma tal ansiedade que a deixa insegura e com medo, principalmente quando não é preparada para a hospitalização e para o tratamento a ser realizado. Nessas situações “stressantes” estão os procedimentos invasivos, como a punção venosa, que em muito contribui para o aumento do medo e ansiedade. Uma das formas capazes de ajudar a criança a perceber o que está a acontecer é a utilização do Brinquedo Terapêutico, que funciona como libertador dos seus medos e ansiedades e permite-lhe revelar o que sente e pensa. Deste modo, foi realizado um estudo experimental, no Centro Hospitalar entre o Douro e o Vouga E.P.E., - Unidade São Sebastião (HSS), no Serviço de Pediatria, em Santa Maria da Feira. A amostra foi constituída por 22 crianças, com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos. Sendo que, das 22 crianças, 11 pertenciam ao grupo controlo e as restantes 11 pertenciam ao grupo experimental. Todas as crianças tiveram o seu comportamento observado, tendo sido apenas utilizado o Brinquedo Terapêutico com as que pertenciam ao grupo experimental.
As estratégias para a colheita de dados foram: a observação dos comportamentos das crianças, utilizando a Escala de Avaliação Comportamental de Stress, denominada por Observation Scale of Behavior Distress (OSBD), adaptada no Brasil por Borges (1990) e Costa Jr. (2001); a aplicação do Protocolo de observação directa, utilizado no estudo de Borges (l999a); e, por fim, a aplicação da Escala facial para avaliar a percepção de dor da criança, denominada Wong-Baker FACES Pain Rating Scale (FACES). Os resultados foram analisados comparando-se o comportamento das crianças dos dois grupos e demonstraram que a utilização do Brinquedo Terapêutico foi eficaz na compreensão do procedimento e no controlo das suas reacções comportamentais.