O eletrocardiograma em geriatria: principais alterações eletrocardiográficas
Abstract
O aumento do número de idosos tem despertado nos investigadores o interesse pelas
modificações decorrentes do envelhecimento, sendo que uma atenção especial tem sido dirigida aos
processos que envolvem o coração, dada a alta prevalência de distúrbios cardiovasculares na faixa
etária em questão. Objetivos: Este estudo teve como objetivo avaliar as diversas alterações a que
as várias ondas e intervalos eletrocardiográficos estão sujeitos com o processo normal do
envelhecimento. Foi ainda analisada a incidência dos achados eletrocardiográficos mais comuns
aquando da realização de eletrocardiogramas em idosos. Metodologia: Amostra constituída por
500 indivíduos de sexo e idades pré-definidos, segundo critérios de seleção. Além da evidente
divisão por escalões etários, os indivíduos foram igualmente repartidos por sexo. Registadas as
métricas e os achados eletrocardiográficos da amostra e cruzados com os escalões etários e sexos,
passei à análise estatística das variações dos mesmos. Resultados: Os graus de dispersão das
diferentes métricas eletrocardiográficas relativamente à média são praticamente idênticos em
ambos os sexos. Quanto à relação entre escalões etários e métricas eletrocardiográficas, com
avanço da idade a Duração do Intervalo PR sofre um prolongamento, a Duração do complexo QRS
não mostra relação significativa com a idade, e o Grau do eixo QRS desloca-se progressivamente
para a esquerda. No que respeita à relação entre sexos e achados eletrocardiográficos, existe
alguma divergência na quantidade de alterações eletrocardiográficas entre sexos, 56% para os
homens e 44% para as mulheres. Quanto à relação entre escalões etários e achados
eletrocardiográficos, considerando a totalidade das alterações, independentemente da sua
ponderação, a incidência das alterações eletrocardiográficas aumenta com a idade. Conclusão: As
manifestações cardiovasculares aumentam devido às alterações anatómicas e funcionais próprias do
avanço da idade. Pode dizer-se que o “coração do idoso” se caracteriza, do ponto de vista
eletrocardiográfico, por Intervalo PR Prolongado, Desvio Esquerdo do Eixo, Alterações
Inespecíficas da Repolarização Ventricular e maior propensão a alterações patológicas como a
Fibrilação Auricular e o Bloqueio Completo do Ramo Esquerdo. Devem ser alvo de especial
avaliação, os doentes idosos com as alterações cardíacas mais prevalentes, a fim de se evitar a
evolução rápida das mesmas e propiciar melhor qualidade de vida